Agentes da Seop realizam as demolições dos imóveis pelo terceiro dia seguido no Parque UniãoDivulgação/Seop
Publicado 21/08/2024 07:53 | Atualizado 21/08/2024 13:32
Rio - A Polícia Civil e a Secretaria de Ordem Pública (Seop) realizam, nesta quarta-feira (21), o terceiro dia seguido de operação na Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, para demolição de um condomínio de luxo com 40 imóveis irregulares construído pelo tráfico. Devido a ação, 26 escolas precisaram interromper o funcionamento nas comunidades, afetando cerca de 9 mil alunos.
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Segundo a PM, agentes do Centro de Operações Especiais (Coe) também atuam na região. De acordo com a Seop, até esta terça (20) já foram descaracterizados 18 prédios, com cerca de 115 apartamentos. Até o momento, as demolições estão sendo feitas a mão, considerando a altura dos prédios e a dificuldade para acessar algumas unidades. Apesar disso, o trabalho de preparação para utilização das máquinas já está sendo feito. 

Ao todo, essa é a quinta fase de ações contra a lavagem de dinheiro do tráfico. Investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) apontam que o Parque União vem sendo utilizada há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o capital acumulado com o comércio de drogas. Os agentes apuraram ainda a participação de funcionários de órgãos representativos da comunidade no esquema.

Os imóveis foram erguidos sem nenhuma autorização da Prefeitura e não possuem responsável técnico pelas obras. Engenheiros da Prefeitura estimam prejuízo de R$ 30 milhões aos responsáveis pelas construções.
Ainda na operação, policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque apreenderam durante patrulhamento no entorno da comunidade Parque União, um rádio transmissor, um giroflex da Polícia Civil, diversos detonadores, placas de veículos e material explosivo. A ocorrência foi encaminhada para a 21ª DP (Bonsucesso).
Serviços impactados
Além do fechamento de 26 escolas, sendo duas estaduais e 24 municipais, no Complexo da Maré, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva acionou o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o início do funcionamento na manhã desta quarta-feira (21) e está em avaliação para abertura.

Já a CF Diniz Batista dos Santos mantém o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, foram suspensas.
Esse é o terceiro dia seguido em que os serviços à população são afetados. Segundo Redes da Maré, só esse ano, os alunos da região já perderam 24 dias do ano letivo. Esta semana já são dois dias sem aula, impactando a rotina de cerca de 9 mil estudantes. 
Imóveis de luxo
No início das operações, os agentes localizaram imóveis de luxo que eram usados por traficantes. Dentre eles, duas coberturas, avaliadas em R$ 5 milhões, chamaram a atenção. Uma delas possuía dois andares, acabamento em mármore e porcelanato, além de uma grande área de lazer, com churrasqueira e uma piscina de 40 mil litros de água. O imóvel possuía vista privilegiada para a comunidade, para um campo de futebol e uma área onde eram realizadas festas.

Já a segunda era um quadriplex com acabamento de luxo, jacuzzi e closet, escadas com lâmpadas de led automático, além de uma piscina com cascata e churrasqueira. No térreo da unidade os agentes encontraram um quarto com dezenas de caixas de vinho e champanhe.

Parte das construções chegavam a ter seis pavimentos, porém, 90% deles ainda estavam em fase de alvenaria e totalmente desocupados. Eles foram erguidos sem nenhuma autorização da Prefeitura e não possuem responsável técnico pelas obras.
Segundo a Polícia Civil, as ações sequenciais no Parque União revelaram ainda uma estratégia da facção criminosas de colocar ao menos uma pessoa em cada unidade habitacional para fingir que são moradores e dificultar as demolições.
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