Demolição de imóveis de luxo na Maré causa R$ 30 milhões de prejuízo ao tráfico
Na ação, os agentes encontraram piscinas, área de lazer, churrasqueira e até banheiras de hidromassagem. As construções eram usadas como lavagem de dinheiro
Os imóveis são considerados de luxo e foram construídos pelo tráfico no Parque União, na Maré - Divulgação/Seop
Os imóveis são considerados de luxo e foram construídos pelo tráfico no Parque União, na MaréDivulgação/Seop
Rio - A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), realiza, nesta terça-feira (13), uma operação contra a lavagem de dinheiro do tráfico no Complexo da Maré, na Zona Norte. Na ação, que conta com apoio da Secretaria de Ordem Pública (Seop), agentes fazem a demolição de um condomínio de luxo com mais de 40 imóveis irregulares construídos pelo crime organizado na comunidade Parque União. Engenheiros da prefeitura estimam um prejuízo de R$ 30 milhões aos responsáveis pelas obras.
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Entre os imóveis, duas coberturas, avaliadas em R$ 5 milhões, chamaram a atenção. Uma delas possuía dois andares, acabamento em mármore e porcelanato, além de uma grande área de lazer, com churrasqueira e uma piscina de 40 mil litros de água. O imóvel possuía vista privilegiada para a comunidade, para um campo de futebol e uma área onde eram realizadas festas.
Operação atua na demolição de imóveis construídos pelo tráfico no Parque União, na Maré. Em uma das coberturas havia piscinas, acabamento em mármore e porcelanato, além de uma grande área de lazer.
Já a segunda era um quadriplex com acabamento de luxo, jacuzzi e closet, escadas com lâmpadas de led automático, além de uma piscina com cascata e churrasqueira. No térreo da unidade os agentes encontraram um quarto com dezenas de caixas de vinho e champanhe.
"Desde 2021, já são mais de 4.200 demolições, com prejuízo financeiro de mais de R$ 1 bilhão para os criminosos organizados que se utilizam dessas construções para lavagem de dinheiro", disse o secretário Brenno Carnevale.
Ainda segundo a Seop, parte das construções chega a ter seis pavimentos, porém, 90% deles ainda estão em fase de alvenaria e totalmente desocupados. Eles foram erguidos sem nenhuma autorização da Prefeitura e não possuem responsável técnico pelas obras. No início de julho, todas as estruturas foram notificadas após uma outra ação da DRE.
A operação também conta com apoio da Polícia Militar, através do Comando de Operações Especiais (Coe), e do Ministério Público do Rio (MPRJ), em que a Força-Tarefa de Enfrentamento à Ocupação Irregular do Solo Urbano e o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/FT-OIS) apuram eventuais indícios da prática de crimes ambientais e de organização criminosa.
Investigações apontaram o esquema
No mês anterior, a Polícia Civil iniciou uma operação nas comunidades do Parque União e Nova Holanda, no Complexo da Maré, contra lavagem de dinheiro do tráfico de drogas da facção Comando Vermelho(CV), que domina a região. Na ocasião, dois carros, três motos, uma pistola, um simulacro de fuzil, carregadores, munições, drogas, celulares e documentos diversos foram apreendidos.
Segundo investigações, o Parque União vem sendo utilizado há anos, por meio de construções e abertura de empreendimentos diversos, para lavar o capital acumulado com o comércio de drogas. Ainda conforme apurado, no esquema há a participação de funcionários de órgãos representativos da região, como a própria Associação de Moradores. Além disso, as construções que teriam sido iniciadas em 2017, ainda são consideradas de alto padrão.
A comunidade tem como principal chefe, o traficante Jorge Luís Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga. Contra ele há vários mandados de prisão em aberto. Além de ser considerado integrante do denominado Conselho do CV, ele também é acusado de participar ativamente das decisões que determinam o rumo da facção, como invasões de territórios rivais para expansão dos domínios e exploração ilegal econômica. Alvarenga possui ainda 86 anotações criminais e se figura como autor em 175 inquéritos policiais.
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