Entrevista coletiva da defesa de Lourival Correa, réu pelo desaparecimento da advogadaRenan Areias / Agência O Dia
Publicado 30/08/2024 13:58
Rio - A defesa de Lourival Correa Netto Fadiga, réu no caso de Anic Herdy, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira (30) que o segurança confessou ter matado a advogada. O acusado, sua mulher Rebecca Azevedo dos Santos, e seus dois filhos, Henrique Vieira Fadiga e Maria Luíza Vieira Fadiga, respondiam por extorsão mediante sequestro. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu aditamento da denúncia para que os réus respondam pela morte.
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"Anic está morta desde o dia 29 de fevereiro. Nunca ocorreu um crime de sequestro, Anic foi morta desde o primeiro dia, desde o dia de seu desaparecimento", afirmou a advogada Flávia Fróes.
Segundo a defesa, uma delação premiada é negociada com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para que o réu aponte o suposto mandante do crime. De acordo com a advogada, o falso sequestro e a extorsão contra o marido de Anic faziam parte do plano organizado pelo dito mentor. O objetivo, segundo a defesa, era mascarar o crime. 
"Não aconteceu crime de sequestro, ela jamais foi sequestrada. O crime de extorsão mediante sequestro só pode ocorrer com uma pessoa mantida em cativeiro e, a partir dessa situação de privação de liberdade, a extorsão acontecer. Isso na verdade não aconteceu porque a Anic morreu dia 29, então o crime imputado aos filhos do Lourival, mencionado pelo MP, não é verdadeiro. O que a defesa chama atenção é que essa narrativa do sequestro foi um ato combinado com o mandante do crime", explicou a advogada.
Durante coletiva, a advogada informou que a Anic está morta desde o dia do desaparecimento, em 29 de fevereiro, quando foi vista pela última vez em um shopping de Petrópolis, na Região Serrana. Ela detalhou ainda que não houve sequestro e que a advogada entrou no carro de Lourival, com quem tinha um relacionamento extraconjugal, por espontânea vontade. Ainda conforme a defesa, o segurança pretende revelar o local da morte e onde o corpo foi deixado.
Em nota, o Ministério Público disse que as tratativas para colaboração premiada estavam sendo feito, mas não houve acordo sobre os benefícios que poderiam ser aplicados ao caso concreto. Segundo o MPRJ, se novas provas forem apresentadas de maneira espontânea, serão validadas e, se for o caso, consideradas fora do âmbito de uma colaboração premiada. Por fim, o órgão afirmou que a ação penal segue na 2ª Vara Criminal.
O MPRJ ainda destacou que pediu o aditamento da denúncia sobre os quatro acusados em razão de novas informações trazidas pela investigação em curso, que trouxe elementos de convicção de que a vítima estava morta. Os acusados pelo crime de extorsão mediante sequestro podem também responder pelo assassinato de Anic, caso a Justiça aceite a mudança. O processo segue em segredo de Justiça.
Relembre o caso
Anic desapareceu em 29 de fevereiro, após ser vista entrando em um carro Jeep Compass preto, na saída de um shopping em Petrópolis. Entretanto, o desaparecimento da advogada só foi registrado em 14 de março, porque Lourival orientou o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, a não procurar as autoridades. Lourival se apresentou à família como policial federal e passou a ser o responsável por fazer a segurança do casal e dos filhos. Ele tinha acesso irrestrito a cartões de crédito e senhas da família.
Nesse intervalo, o idoso recebeu ameaças por meio de mensagens de texto dos supostos sequestradores e pedidos de resgate. Ao todo, foi pedido R$ 4,6 milhões, posteriormente pagos em dinheiro e em moedas de bitcoins.  
Uma mensagem em tom de despedida foi enviada pelo celular da advogada, uma hora após o pagamento. O texto diz que a própria Anic orquestrou o sequestro para receber o dinheiro e que ela optou por ir embora do Brasil com um suposto amante, que seria policial civil. Mas, as investigações apontaram que Lourival, os filhos e a amante foram os beneficiários da quantia. Eles compraram um carro de luxo avaliado em R$ 500 mil, uma motocicleta no valor aproximado de R$ 30 mil e 950 celulares, que custaram cerca de US$ 153,9 mil.
Após uma longa investigação, a 105ª DP (Petrópolis) denunciou Lourival, Rebecca e os filhos por envolvimento no crime. Para a Polícia Civil, o segurança foi o mandante. Os investigadores também não descartam que Anic, em algum momento, tenha participado do plano.
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