As aulas no pavilhão João Lyra Filho recomeçam nessa terça (24)Pedro Teixeira/ Agência O Dia
Publicado 23/09/2024 16:28 | Atualizado 23/09/2024 19:32
Rio – A reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) anunciou para essa terça-feira (24) a retomada das aulas no prédio do campus Maracanã, ocupado desde julho por um movimento estudantil contra corte de benefícios. A desocupação ocorreu na última sexta (20).
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De acordo com a Uerj, após a desocupação marcada por uma confusão entre policiais militares do Batalhão de Choque – autorizados pela Justiça a atuar se necessário fosse – e estudantes, o pavilhão João Lyra Filho ficou com diversas marcas de depredação. Por exemplo, quebra de paredes, portas e pias, além de danos à mobília.
Houve ainda violação a diferentes computadores com a retirada de Discos Rígidos (HDs) – que continham informações pessoais importantes e dados de pesquisa. A Uerj comunicou que abriu sindicância para apurar os responsáveis pelos prejuízos e pelo sumiço dos HDs.
Já a Polícia Civil, que realizou perícia no pavilhão no sábado (21), informou que segue em andamento a investigação para levantar os danos ao patrimônio da universidade, e que uma perícia complementar deve ocorrer ainda nesta semana.
Durante a desocupação na sexta, três estudantes e o deputado federal Glauber Braga (Psol), que apoiava os protestos, foram detidos. Após serem encaminhados à Cidade da Polícia, onde outros manifestantes faziam vigília pela liberação do quarteto, eles só foram liberados por volta das 22h.
A determinação judicial para a desocupação total do campus saiu após uma audiência de conciliação entre os alunos e representantes da Uerj terminar sem acordo. As partes buscavam uma resolução para a questão da mudança nos critérios das bolsas de estudo, mas, segundo a instituição de ensino superior pública, estudantes "mais radicalizados" teriam interrompido as conversas com o uso de instrumentos de percussão.
Na terça-feira (17), a juíza Luciana Losada, da 13ª Vara de Fazenda, havia concedido liminar solicitada pela própria universidade pedindo a saída dos alunos. Em sua determinação, ela argumentou que há provas de que a ocupação é indevida e prejudica o ensino na instituição.
Desde julho, os alunos se manifestavam contra as mudanças para a obtenção de bolsas e auxílios da assistência estudantil, prevista no Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda 038/2024). Entre as principais mudanças estão a substituição do auxílio alimentação por refeição gratuita no bandejão para os cotistas. Além disso, foi reduzido pela metade o auxílio ao material didático, que era pago duas vezes ao ano, a cada semestre, no valor de R$ 1,2 mil.
De acordo com relatos de estudantes, cerca de 5 mil alunos vão perder os benefícios após a mudança. Eles denunciam, também, atrasos nos pagamentos. Segundo os manifestantes, as propostas da atual reitoria, antes de ser eleita, era de manter os benefícios. A Uerj afirma que 2,8 mil estudantes estão enquadrados para receber o benefício.
Questionada sobre possíveis futuros encontros com estudantes para tratar das reivindicações do movimento, a universidade afirmou que, no momento, não há reuniões agendadas. A reitoria, no entanto, reforçou que "sempre esteve aberta ao diálogo".
A Uerj complementou ainda ressaltando que, conforme avisado aos alunos, a reitoria apresentará, na sexta, ao Conselho Universitário, que conta com representações estudantis em sua composição, a minuta de resolução de composição da Comissão de Elaboração da Política de Assistência Estudantil da universidade.
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