CaFil fica completamente destruído após a desocupaçãoReprodução / Redes Sociais
Publicado 29/09/2024 17:35
Rio - A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) investiga a denúncia de que policiais militares do Batalhão de Choque foram responsáveis pela depredação do Centro Acadêmico de Filosofia Gerd Bornheim (CaFil). Durante o Conselho Universitário realizado na sexta-feira (27), uma professora do Centro de Ciências Sociais afirmou que as câmeras de segurança flagraram agentes entrando no local, dia 20, durante a desocupação do prédio.
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CaFil fica completamente destruído após a desocupação - Reprodução / Redes Sociais
CaFil fica completamente destruído após a desocupaçãoReprodução / Redes Sociais
De acordo com a professora Mônica Leite Lessa, diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, as imagens mostram que, por volta das 13h, um grupo de dez policiais entrou duas vezes no CaFil, que estava trancado com correntes e cadeado. Após a saída dos policiais, quatro vigilantes da Uerj também acessaram o local. O Centro Acadêmico fica no nono andar do campus no Maracanã, na Zona Norte.
"Venho registrar que após denúncias do Centro Acadêmico de Filosofia, de que o espaço que ocupam no bloco F havia sido invadido e que pertences haviam desaparecido, fui consultar as imagens do circuito interno das câmeras dos blocos A, B e F. E comprovei que no dia 20, por volta das 13h, um grupo de 10 homens da Polícia Militar entrou por duas vezes no CaFil, até então trancado com correntes e cadeado. Após alguns minutos da saída da Polícia Militar, nosso circuito gravou a entrada de aproximadamente quatro vigilantes da Uerj. Observa-se que a ação da polícia no nono andar não foi acompanhada por nenhuma autoridade", relatou durante o conselho.
A professora enviou um documento à reitoria e à procuradoria geral da Uerj solicitando a apuração dos fatos. "Minha ação não pretende com isso beneficiar nenhum dos lados, apenas verificar o que houve, resguardando o direito civil de todos", afirmou.
Nas redes sociais, os estudantes que participaram da ocupação afirmam que, após deixarem o prédio, surgiram acusações de que eles haviam destruído o CaFil.
"Eles invadiram e destroçaram tudo, enquanto a reitoria tenta jogar a culpa nos estudantes! Antes da desocupação, os espaços estavam intactos! Há registros das câmeras de segurança que comprovam a verdade", diz um trecho do texto publicado no perfil do Centro Acadêmico.
Por meio de nota, a universidade informou ao DIA que as denúncias estão sendo investigadas. "A Procuradoria da Uerj está orientando a direção da Unidade a levantar as informações necessárias para apurar o que de fato ocorreu e quais as circunstâncias".
Procurada pela reportagem de O DIA para se manifestar sobre o assunto, a Polícia Militar não retornou aos contatos. O espaço segue aberto para eventuais declarações.
Desocupação da Uerj
O campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi palco de uma grande confusão entre policiais militares e estudantes no dia 20 deste mês, após a Justiça autorizar o uso de força policial, conforme necessário, para garantir a desocupação.
Agentes do Batalhão de Choque e um oficial de justiça estiveram no local. Um agente ficou ferido e quatro pessoas foram presas, incluindo o deputado federal Glauber Braga (Psol). Segundo relatos de manifestantes, os policiais utilizaram bombas de efeito moral para tentar entrar na instituição. 
Além do deputado que apoiava o ato de ocupação quando os PMs entraram na universidade, três estudantes foram presos. O grupo foi encaminhado à Cidade da Polícia, onde outros alunos aguardavam em vigília pela liberação dos presos. O deputado e os estudantes só foram liberados por volta das 22h. O policiamento foi reforçado na Uerj. 
Entenda a situação
A desocupação dos alunos das dependências da universidade foi determinada no dia 17, após uma audiência de conciliação entre os alunos e representantes da Uerj terminar sem um acordo. As partes buscavam uma resolução para a questão da mudança nos critérios das bolsas de estudo, mas, segundo a instituição de ensino superior pública, um grupo de alunos "mais radicalizados" teria interrompido as conversas com o uso de instrumentos de percussão.
Na terça-feira (17), a juíza Luciana Losada, da 13ª Vara de Fazenda, concedeu liminar solicitada pela própria universidade pedindo a saída dos alunos. Em sua determinação, ela argumentou que há provas de que a ocupação é indevida e de que prejudica o ensino na instituição. O descumprimento da liminar imposta pela Justiça acarretará em uma multa diária aos estudantes intimados.
Os alunos que ocupam a universidade são contra às mudanças para a obtenção de bolsas e auxílios da assistência estudantil, prevista no Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda 038/2024). Entre as principais mudanças estão a substituição do auxílio alimentação por refeição gratuita no bandejão para os cotistas. Além disso, foi reduzido pela metade o auxílio ao material didático, que era pago duas vezes ao ano, a cada semestre, no valor de R$ 1,2 mil.
De acordo com relatos de estudantes, cerca de 5 mil alunos vão perder os benefícios após a mudança. Eles denunciam, também, atrasos nos pagamentos. Segundo os manifestantes, as propostas da atual reitoria, antes de ser eleita, era de manter os benefícios. A Uerj afirma que 2,8 mil estudantes estão enquadrados para receber o benefício.
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