Orelha foi condenado a cinco anos de reclusãoReprodução
Publicado 30/09/2024 19:31 | Atualizado 30/09/2024 19:40
Rio - A 37ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) condenou o mecânico Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, a cinco anos de prisão no regime semiaberto por participação no Caso Marielle Franco. De acordo com as investigações, ele foi o responsável por destruir o carro usado no atentado que vitimou a então vereadora e o motorista Anderson Gomes em março de 2018. A decisão foi do juiz Renan de Freitas Ongaratto.
Publicidade
O magistrado argumentou que a partir da destruição do GM Cobalt, Orelha – que é dono de um ferro-velho e estava detido desde fevereiro passado – "embaraçou as investigações daqueles homicídios, impossibilitando a realização de perícia criminal no veículo".
A denúncia por obstrução de Justiça que culminou na prisão de Orelha – o primeiro condenado em decorrência das investigações do caso – foi oferecida pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
A instituição emitiu uma nota, na qual transcreve a fala da promotora de Justiça Fabíola Tardin Costa, representante do MPRJ, nas alegações finais do julgamento: “Deve ser destacado que as estatísticas demonstram que aproximadamente 90% das execuções em crimes premeditados pela milícia carioca são realizadas com este modus operandi, ou seja, com utilização de veículo, seja moto ou automóvel, exatamente em virtude da rapidez proporcionada na fuga, sendo, portanto, elemento fundamental para o êxito do resultado visado que o carro não seja nunca mais localizado”.
Investigação e provas
Ainda segundo as investigações, Orelha destruiu o veículo usado pela dupla presa e acusada pela execução do assassinato, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, em um desmanche no Morro da Pedreira, na Pavuna, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Em sua delação premiada, Queiroz conta que Orelha passou a fazer parte do esquema a convite do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel – que também está preso e teria cedido um automóvel para esconder as armas usadas no crime e ajudado a jogá-las no mar.
Queiroz recordou que dois dias após o crime, ele e Ronnie Lessa levaram o dono de ferro-velho ao ponto onde estava o carro usado no atentado, uma praça na Avenida dos Italianos, em Rocha Miranda. O ex-PM relatou ainda que Orelha se sentia desconfortável na presença de Lessa.
Na sua decisão, o juiz rechaçou o pedido de absolvição feito pela defesa de Orelha e citou as provas produzidas ao longo da instrução processual: “Comprovaram a dinâmica da destruição do carro, embaraçando a investigação dos homicídios e da tentativa de homicídio que envolviam organização criminosa, e a autoria do réu. Os depoimentos coerentes e harmônicos entre si e a sequência lógica temporal das circunstâncias em que eles ocorreram, assim como as provas documentais (comprovantes de OCR, de ERB e prints de conversas), levam ao juízo de certeza necessário para um decreto condenatório”.
Leia mais