Elcio é ex-PM e foi expulso da corporação em 2015Reprodução / Internet

Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou, nesta terça-feira (25), que o acordo de colaboração premiada feito pelo ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso por dirigir o carro utilizado no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, não irá reduzir sua pena e ele continuará a ser julgado por júri popular.
Segundo o MPRJ, seria inconstitucional retirar a competência que foi assegurada aos jurados e que, em nenhum momento, foi acordado que Queiroz deixe de ser submetido ao Plenário do Júri.
O órgão ainda assegura que o acordo não estipula redução de pena. Para o MPRJ, Queiroz irá cumprir todo o tempo que for fixado em um futuro julgamento, respeitando o limite do estipulado no Artigo 75 do Código Penal (40 anos), com redação vigente à época do crime. 
O tempo da pena, assim como as cláusulas do acordo, permanecem em sigilo por imposição legal. Élcio está preso desde março de 2019 e é réu pelos homicídios de Marielle e de Anderson, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.
Mentira motivou depoimento
A delação premiada sobre a morte da vereadora Marielle Franco foi motivada por uma mentira contada por Ronnie Lessa a Élcio de Queiroz. De acordo com Élcio, o amigo teria afirmado que não havia feito pesquisas na internet sobre Marielle. Ambos teriam medo de que isso poderia fazer a Polícia chegar aos assassinos.
No entanto, Ronnie Lessa fez buscas em um site de crédito para obter dados do CPF de Marielle Franco e da filha da parlamentar e utilizou um buscador privado para conseguir o endereço da vítima. A informação foi confirmada por agentes do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Federal, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (24), na Superintendência da PF, na Praça Mauá.
O endereço pesquisado, no entanto, não era mais residido por Marielle. A PF avançou nas investigações e descobriu a forma de pagamento feita por Ronnie para realizar as pesquisas, feitas dois dias antes do crime. Élcio foi acionado somente para o serviço, substituindo a função de Maxwell Corrêa, o 'Suel', que era o motorista. O ex-bombeiro foi preso nesta manhã em sua casa.
A delação desencadeou, na manhã desta segunda, a Operação Élpis, primeira fase da investigação que apura os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.

Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva contra Maxwell e seis mandados de busca e apreensão, na cidade do Rio de Janeiro e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na casa do ex-bombeiro foram apreendidas armas de fogo. Junto com Ronnie Lessa, Suel mantinha a família de Élcio e ajudava a pagar a defesa no processo. O dinheiro, segundo os investigadores, vinha de atividades ilícitas da milícia.