Publicado 14/10/2024 07:01 | Atualizado 14/10/2024 07:17
Rio - "Eu não fiz nada para adquirir isso. O erro foi de pessoas irresponsáveis". O desabafo é de uma das seis vítimas de transplante de órgãos contaminados por HIV. O caso foi revelado na última sexta-feira (11) e é investigado pela Polícia Federal. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, nenhum dos pacientes estava infectado antes e o primeiro caso foi descoberto há um mês, quando um deles testou positivo para o vírus.
PublicidadeTodos os exames de sangue dos doadores foram realizados pelo PCS Lab Saleme, localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, contratado por licitação, que apresentaram falso negativo.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo (13), a paciente, que preferiu não se identificar, conta que recebeu um rim.
"É como se o chão se abrisse e você... Sabe? (...) Porque é a minha vida e daqui pra frente a minha vida mudou. A minha família está revoltada, porque a gente entra lá com a maior confiança de que vai dar tudo certo. Antes eram só os meus remédios pra não ter rejeição dos meus rins (...) Eu não fiz nada para adquirir isso. O erro foi de pessoas irresponsáveis. Porque eu acho que quem lida com a vida de uma outra tem que ter responsabilidade", disse a vítima.
A mulher ainda relatou que recebeu a notícia no último dia 3 de outubro e foi encaminhada a um posto de saúde, onde a infecção foi confirmada "Eles não estão lidando com a nossa vida. Foi só dinheiro que eles viram, né? E foi muito, não foi pouco. Foi muito dinheiro. Não tem nenhuma justificativa. Eu quero punição", explicou.
A vítima também disse que não recebeu orientações sobre tratamento ou medicamentos e que sua próxima consulta estava marcada apenas para o dia 29 de outubro, e que só passou a ser procurada depois da Band News FM revelar os casos. "Essa é a minha revolta. Porque eu ia ficar até dia 29 sem medicação nenhuma", desabafou.
Entenda o caso
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo (13), a paciente, que preferiu não se identificar, conta que recebeu um rim.
"É como se o chão se abrisse e você... Sabe? (...) Porque é a minha vida e daqui pra frente a minha vida mudou. A minha família está revoltada, porque a gente entra lá com a maior confiança de que vai dar tudo certo. Antes eram só os meus remédios pra não ter rejeição dos meus rins (...) Eu não fiz nada para adquirir isso. O erro foi de pessoas irresponsáveis. Porque eu acho que quem lida com a vida de uma outra tem que ter responsabilidade", disse a vítima.
A mulher ainda relatou que recebeu a notícia no último dia 3 de outubro e foi encaminhada a um posto de saúde, onde a infecção foi confirmada "Eles não estão lidando com a nossa vida. Foi só dinheiro que eles viram, né? E foi muito, não foi pouco. Foi muito dinheiro. Não tem nenhuma justificativa. Eu quero punição", explicou.
A vítima também disse que não recebeu orientações sobre tratamento ou medicamentos e que sua próxima consulta estava marcada apenas para o dia 29 de outubro, e que só passou a ser procurada depois da Band News FM revelar os casos. "Essa é a minha revolta. Porque eu ia ficar até dia 29 sem medicação nenhuma", desabafou.
Entenda o caso
A situação foi descoberta no último dia 10 de setembro, segundo revelou a BandNews, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve resultado para HIV positivo. Logo depois, amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos confirmados. Há uma semana foi notificado que mais um receptor de órgãos teve o exame de HIV positivo, após o transplante, confirmando seis casos até o momento.
O laboratório privado responsável por fazer os exames de sangue nos doadores foi contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes. O estabelecimento teve o serviço suspenso logo após o caso ser descoberto e foi interditado cautelarmente. Com isso, os testes passaram a ser realizados pelo Hemorio.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde considerou o caso "inadmissível" e "uma situação sem precedentes". Segundo a pasta, "o serviço de transplantes no estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas".
Além da secretaria, o caso também é investigado pelas polícias Civil e Federal, bem como pelos Ministérios Público do Rio (MPRJ) e da Saúde, e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj).
Laboratório não tinha registro no Conselho de Farmácia
O Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF/RJ) informou, ainda no domingo (13), que o laboratório PCS Saleme, não possui registro como estabelecimento junto ao órgão. O CRF/RJ também destacou que o laboratório não conta com farmacêuticos registrados no Conselho, mas que uma técnica em laboratório, mencionada nas investigações, possui inscrição ativa.
Segundo a secretária de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ), Claudia Mello, o PCS Lab Saleme não presta mais serviços à nenhuma unidade assistencial da rede.
Segundo a secretária de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ), Claudia Mello, o PCS Lab Saleme não presta mais serviços à nenhuma unidade assistencial da rede.
"O laboratório Patologia Clínica Saleme não mais presta serviço a nenhuma unidade assistencial da rede SES. Ele já foi interditado e todos os exames das nossas unidades já são realizados por outros laboratórios, não há nenhuma ação mais desse laboratório citado", declarou Mello.
A SES ainda destacou que foi um aberto novo processo para contratação de laboratório para atender à rede estadual de saúde, com exceção do serviço de transplantes, que continuará sendo atendido pelo Hemorio.
Depois da descoberta do caso, em 10 de setembro, a pasta determinou o rastreio e reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório. Após a suspensão dos serviços, os testes passaram a ser realizados pelo Hemorio. Ainda há uma apuração interna sobre o assunto.
Depois da descoberta do caso, em 10 de setembro, a pasta determinou o rastreio e reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório. Após a suspensão dos serviços, os testes passaram a ser realizados pelo Hemorio. Ainda há uma apuração interna sobre o assunto.
O que diz o PCS Lab?
O laboratório PCS Lab disse que abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no estado do Rio de Janeiro. "Trata-se de um episódio sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969", iniciou a nota.
Segundo a empresa, o laboratório informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado.
Segundo a empresa, o laboratório informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado.
"Nesses procedimentos foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O PCS Lab dará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares; e reitera que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe que investigam o caso", garantiu a empresa.
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