Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão no laboratório na segunda-feira (14)Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Publicado 16/10/2024 09:47
Rio - O Ministério Publico do Rio de Janeiro (MPRJ) divulgou, nesta terça-feira (15), que investiga possíveis irregularidades em contratos da Fundação Saúde com a empresa responsável por assinar os exames de HIV errados que provocaram a infecção pelo vírus em seis pacientes transplantados.

A apuração ocorre por conta dos vínculos dos donos da empresa Patologia Clínica Dr. Saleme com o ex-secretário de Estado de Saúde e deputado federal, Dr. Luizinho. Walter Vieira é casado com a tia do parlamentar, enquanto o outro sócio, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, é primo dele. O político afirmou que conhece o laboratório há mais de 30 anos e garantiu que manteve a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e que nunca participou da contratação deste ou de qualquer outro laboratório.
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De acordo com a promotoria, o inquérito foi instaurado para verificar os indícios de irregularidade nos contratos e nos termos de ajuste de contas da Fundação Saúde com o laboratório. As investigações são da 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.
O MP apura, ainda, as condições sanitárias e operacionais do PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O estabelecimento está interditado desde a descoberta dos casos. O órgão entendeu que, apesar da interdição, é necessário apurar se a operação do laboratório "se dá em consonância com os parâmetros técnicos, normas sanitárias e procedimentos operacionais que orientam a realização de análises clínicas e patológicas", diz a portaria de instauração do inquérito.
Uma operação da Polícia Civil prendeu um dos sócios do laboratório, o ginecologista Walter Vieira, e o responsável técnico, Ivanilson Fernandes dos Santos.  Jacqueline Iris Bacellar, que teria assinado um dos laudos com o registro profissional de uma biomédica que não atua mais na área, estava foragido e se apresentou nesta terça-feira (15). O técnico de laboratório Cleber de Oliveira Santos segue foragido.
A ação descobriu uma falha operacional de controle de qualidade nos testes de diagnóstico de HIV feitos pelo PCS Saleme. Os reagentes dos testes precisavam ser analisados diariamente, mas as investigações apontaram que houve determinação para que fosse diminuída a fiscalização, que passou a ser feita semanalmente, visando a redução de custos e aumento de lucros.
O caso também é alvo de sindicâncias e investigações da SES, do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) do Ministério da Saúde e da Polícia Federal.
Procurado pelo DIA, a empresa Patologia Clínica Dr. Saleme ainda não se pronunciou. O espaço está aberto para manifestações.
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