Rivaldo Barbosa negou contato com os irmãos Brazão e qualquer intervenção na apuração do crimeFernando Frazão / Agência Brasil
Publicado 16/10/2024 18:13
Rio - O ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, preso acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi transferido para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, nesta terça-feira (15). 
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Ele estava preso preventivamente na Penitenciária Federal de Brasília. Em nota, o advogado do ex-chefe de Polícia Civil afirmou ter sido surpreendido com a notícia da transferência e que a decisão prejudica o exercício da defesa, porque foi realizado em meio à instrução em andamento e às vésperas do interrogatório dos acusados.
"Ele foi transferido ontem, sem aviso prévio, sem a justificativa, a gente não sabe o motivo. A família recebeu um comunicado dizendo que as visitas agendadas estavam canceladas em razão da transferência de Rivaldo para a Penitenciária Federal de Mossoró, só isso, mais nada. A gente está aqui surpreso, porque está no curso da instrução, semana que vem é o interrogatório dos acusados e dificultou demais a nossa defesa", informou o advogado Marcelo Ferreira ao DIA.
Rivaldo chegou a negar contato com os irmãos Brazão e qualquer intervenção na apuração sobre o crime. Barbosa destacou que sua única atuação no caso Marielle, como chefe de Polícia Civil, foi indicar o delegado Giniton Lages, na época lotado na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), para conduzir as investigações.
Além de Barbosa, também são réus no caso Domingos Brazão, conselheiro do TCE; Chiquinho Brazão, deputado federal; Ronald Alves Pereira, major da PM; e Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe.
Acusações contra Rivaldo
O delegado foi preso no dia 24 de março após investigações da Polícia Federal apurarem seu envolvimento nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridas em março de 2018. De acordo com o apurado, Barbosa teria tentado obstruir as investigações dos assassinatos. Ele assumiu o cargo de chefe de Polícia Civil um dia antes das mortes. Antes, Rivaldo era coordenador da Divisão de Homicídios da corporação.
Além de tentar atrapalhar a apuração do caso, o delegado também teria planejado "meticulosamente" o crime a mando da família Brazão. A Polícia Federal apurou que, durante o planejamento, Rivaldo proibiu que o atentado fosse realizado no trajeto de chegada ou saída da Câmara dos Vereadores do Rio. Segundo a investigação, Rivaldo queria evitar possíveis pressões à Polícia Civil caso o crime tivesse conotação política.
A PF ainda destacou que, antes mesmo de assumir o cargo de chefe de Polícia Civil, o delegado teria combinado com Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem os mandantes do crime, que também foram presos em março, a não identificação dos responsáveis pela ordem do assassinato de Marielle Franco.
Barbosa também é acusado de receber propina para obstruir as investigações sobre o crime. Rivaldo teria recebido aproximadamente R$ 400 mil para evitar que as apurações sobre os mandantes avançassem. Tal informação consta em relatório de 2019.
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