Rivaldo Barbosa prestou depoimento nesta segunda-feira (15) ao Conselho de Ética e Decoro ParlamentarReprodução / Youtube
Caso Marielle: Rivaldo Barbosa volta a negar participação no crime e diz que vereadora o ajudava
Ex-chefe de Polícia Civil do Rio prestou depoimento como testemunha de defesa de Chiquinho Brazão em processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados
Rio - O ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, preso acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, disse, nesta segunda-feira (15), que gostava dela e que o ajudava em investigações. Ele voltou a negar contato com os irmãos Brazão e qualquer intervenção na apuração sobre o crime.
Rivaldo prestou depoimento como testemunha de defesa do deputado federal Chiquinho Brazão durante o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, que pode terminar com cassação do parlamentar.
Durante a oitiva, Rivaldo explicou aos integrantes do Conselho que aceitou depor como testemunha apenas para ser ouvido e dizer que não conhece os irmãos, acusados, assim como ele, de serem os mandantes das mortes.
"Eu aceitei o convite e poderia ter negado, mas eu fui denunciado. Aqui é o momento que eu posso falar. Desde o dia 31 de maio de 1969, ou seja, o dia que eu nasci, eu nunca falei com nenhum irmão Brazão. Algo profissional, político, religioso ou mesmo de lazer. Eu nunca falei com essas pessoas na minha vida. Eu não existo para eles e eles não existem para mim, com todo o respeito que tenho pelo ser humano. Eu nunca falei na minha vida com essas pessoas. Eu estou sendo acusado por uma coisa que não fiz", comentou.
Barbosa destacou que sua única atuação no caso Marielle, como chefe de Polícia Civil, foi indicar o delegado Giniton Lages, na época lotado na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), para conduzir as investigações.
"Eu nunca influenciei em qualquer tipo de investigação. Muito menos nessa. Uma das coisas que eu mais queria era poder apresentar quem matou Anderson e Marielle. A única coisa que eu fiz foi indicar o delegado que prendeu Ronnie Lessa", disse.
Rivaldo ainda ressaltou vereadora era uma pessoa que costumava o ajudar em investigações sobre mortes em comunidades do Rio. Um dos episódios citados foi uma apuração sobre mortes ocorridas no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, em que Marielle indicou moradores para prestarem serem ouvidas como testemunhas.
"Quando eu assumi a Delegacia de Homicídios, o deputado Marcelo Freixo era da Comissão de Direitos Humanos e toda morte que existia em comunidade ele me ligava ou me cobrava. Com o passar do tempo, foram muitas ocorrências e ele deixou quem? A Marielle. Ela fazia contato comigo. Eu falei para Marielle que a gente precisava de gente da comunidade para ser ouvida. Ela conseguiu. Marielle só me ajudou. Se eu já não faria isso com uma pessoa que eu não goste, quiçá com uma que só me ajudou", contou.
Acusações contra Rivaldo
O delegado foi preso no dia 24 de março após investigações da Polícia Federal apurarem seu envolvimento nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridas em março de 2018. De acordo com o apurado, Barbosa teria tentado obstruir as investigações dos assassinatos. Ele assumiu o cargo de chefe de Polícia Civil um dia antes das mortes. Antes, Rivaldo era coordenador da Divisão de Homicídios da corporação.
Além de tentar atrapalhar a apuração do caso, o delegado também teria planejado "meticulosamente" o crime a mando da família Brazão. A Polícia Federal apurou que, durante o planejamento, Rivaldo proibiu que o atentado fosse realizado no trajeto de chegada ou saída da Câmara dos Vereadores do Rio. Segundo a investigação, Rivaldo queria evitar possíveis pressões à Polícia Civil caso o crime tivesse conotação política.
A PF ainda destacou que, antes mesmo de assumir o cargo de chefe de Polícia Civil, o delegado teria combinado com Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem os mandantes do crime, que também foram presos em março, a não identificação dos responsáveis pela ordem do assassinato de Marielle Franco.
Barbosa também é acusado de receber propina para obstruir as investigações sobre o crime. Rivaldo teria recebido aproximadamente R$ 400 mil para evitar que as apurações sobre os mandantes avançassem. Tal informação consta em relatório de 2019.
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