Publicado 30/10/2024 17:53
Rio - Quem participa da vida de uma igreja, sente-se violado quando o templo sagrado é invadido por criminosos. É o que expressam as frequentadoras da Paróquia Sagrada Família, na Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
O local é um dos três templos invadidos na região de Nova Iguaçu em menos de dez dias. A frequência dos crimes levou o bispo da Diocese de Nova Iguaçu, Dom Gilson Andrade da Silva, a pedir apoio das autoridades na investigação destas ocorrências.
Dias depois da festa de Nossa Senhora Aparecida na Paróquia Sagrada Família, criminosos tentaram invadir a secretaria da unidade. A lanchonete foi arrombada e revirada. O saguão da igreja foi preservado graças às barras de ferro que protegem as portas do templo.
PublicidadeO local é um dos três templos invadidos na região de Nova Iguaçu em menos de dez dias. A frequência dos crimes levou o bispo da Diocese de Nova Iguaçu, Dom Gilson Andrade da Silva, a pedir apoio das autoridades na investigação destas ocorrências.
Dias depois da festa de Nossa Senhora Aparecida na Paróquia Sagrada Família, criminosos tentaram invadir a secretaria da unidade. A lanchonete foi arrombada e revirada. O saguão da igreja foi preservado graças às barras de ferro que protegem as portas do templo.
Célia Regina dos Santos, 62, é responsável pela cantina e frequenta a igreja desde criança. “Fico muito triste. Já é a terceira vez que violam a cantina. A gente, que fica lá tomando conta, cuida de tudo direitinho. Chega e, de repente, vê tudo revirado”, desabafa.
Zilda Rodrigues, 66, descreve a invasão como uma violação à sua casa. A relação com a Paróquia Sagrada Família é antiga. No local, casou-se e batizou os filhos.
“A gente foi criando esse vínculo de família mesmo: Sagrada Família. Nos sentimos violados porque tudo que tem aqui, para nós é sagrado. Quando isso é menosprezado, a gente também se sente violada, como quando alguém entra na sua casa”, descreve.
Angélica Araújo da Silva, 45, frequentou a igreja durante toda a vida. Na Paróquia Sagrada Família foi batizada e batizou os filhos. “É como se fosse realmente minha segunda casa. A gente se sente realmente muito triste e impotente com essa situação. A violência está em todo lugar e o único lugar que a gente acha que está mais segura é dentro da nossa casa e como aqui é como se fosse a minha casa, eu fiquei muito chateada”, lamenta.
Bispo da Diocese de Nova Iguaçu, Dom Gilson Andrade da Silva também preside o regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A autoridade religiosa destaca que desde o manifesto publicado no domingo, tem recebido manifestações de solidariedade em diferentes níveis de poder.
“É uma situação que a gente não pode passar sem se lamentar porque fere o sentimento religioso. Os templos sempre foram lugares de proteção, inclusive, pessoas se refugiavam nos templos sabendo que ali estavam protegidas. Isso porque protege o sagrado, e proteger o sagrado é proteger também o ser humano porque Deus ama a humanidade”, afirma.
Dom Gilson acrescenta que se manifestar contra a violência é um ato de confiança nas instituições. “Nós não podíamos ficar simplesmente calados. Não podemos nos acostumar com a violência. A gente precisa lançar um grito que é um grito de esperança de que a nossa sociedade possa reagir de forma positiva para que essas coisas não se repitam”, conclui. O bispo de Nova Iguaçu ressalta que todas as religiões precisam ter os templos respeitados.
O pároco da Paróquia Sagrada Família, Davenir Andrade, teme que a violência comprometa a participação da comunidade nas atividades da igreja.
“Essa situação de insegurança faz com que muitos dos nossos povos: senhoras, crianças, jovens, possam desanimar de participar. Principalmente em alguns eventos, a depender do horário”, afirma.
O padre ressalta, no entanto, que a paróquia não vai arrefecer diante dos episódios. “Os agredidos são o povo simples, que busca alimentar a fé, que recebe carinho, acolhida e atenção da igreja, e Deus. Isso nos deixa magoados. Mas, não vai atrapalhar a continuidade do nosso trabalho. Precisamos dessa atenção especial das autoridades pela segurança”, completa.
Insegurança
Apenas em outubro, foram violadas três paróquias na região. A Igreja Sagrado Coração, no bairro Botafogo, em Nova Iguaçu, no dia 18 de outubro. Na mesma data, a Paróquia Sagrada Família, na Posse, foi invadida. No dia 25 de outubro foi a vez da Igreja da N. Sra. de Fátima, no Ambaí, sofrer esse tipo de violência em Nova Iguaçu.
Em nota, a Prefeitura de Nova Iguaçu afirma que repudia todo e qualquer ato de intolerância religiosa e lamenta os ataques cometidos contra as três igrejas da cidade. “Os casos estão sendo investigados pela Polícia Civil”, diz o texto.
A Polícia Militar, por sua vez, informa que o novo comando do 20º BPM (Mesquita) já tomou conhecimento dos casos e agendou uma reunião com as lideranças religiosas envolvidas. “Além disso, o policiamento foi reforçado na região a fim de inibir novas tentativas de crimes desta natureza”, diz a PM.
A Polícia Civil não identificou os registros de ocorrência até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.
Apenas em outubro, foram violadas três paróquias na região. A Igreja Sagrado Coração, no bairro Botafogo, em Nova Iguaçu, no dia 18 de outubro. Na mesma data, a Paróquia Sagrada Família, na Posse, foi invadida. No dia 25 de outubro foi a vez da Igreja da N. Sra. de Fátima, no Ambaí, sofrer esse tipo de violência em Nova Iguaçu.
Em nota, a Prefeitura de Nova Iguaçu afirma que repudia todo e qualquer ato de intolerância religiosa e lamenta os ataques cometidos contra as três igrejas da cidade. “Os casos estão sendo investigados pela Polícia Civil”, diz o texto.
A Polícia Militar, por sua vez, informa que o novo comando do 20º BPM (Mesquita) já tomou conhecimento dos casos e agendou uma reunião com as lideranças religiosas envolvidas. “Além disso, o policiamento foi reforçado na região a fim de inibir novas tentativas de crimes desta natureza”, diz a PM.
A Polícia Civil não identificou os registros de ocorrência até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.
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