Publicado 31/10/2024 14:01 | Atualizado 31/10/2024 19:52
Rio - O Ministério Público denunciou, nesta quarta-feira (30), 13 pessoas pela morte de João Vinicius Ferreira, de 25 anos, eletrocutado durante um festival de música no Riocentro, na Zona Oeste, em março deste ano. Dentre elas estão coordenadores e supervisores do evento, eletricistas, proprietários e gestores, além de engenheiros e responsáveis técnicos do evento.
PublicidadeEm abril, a Polícia Civil já havia finalizado o inquérito e indiciado o grupo por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e fraude processual.
O jovem sofreu uma descarga elétrica ao encostar em food truck durante o festival "I Wanna Be Tour" no dia 9 de março deste ano. Na ocasião, chovia muito no local. De acordo com a mãe da vítima, Roberta Ferreira, diversas testemunhas confirmaram vários fios espalhados pelo chão e reclamaram da falta de organização. O local também não foi preservado para perícia, sendo limpo e esvaziado antes da chegada da polícia.
Em documento obtido pelo DIA, o MPRJ requereu a prisão de nove dos denunciados, sendo eles: Marcelo Silva Santos, Paulo Roberto Do Nascimento, Juareme Ribeiro Mocuta, Guilherme Ribeiro Mocuta Mesquita, Adalberto Garcia, Eli Felipe Valadão Belo, Márcio Carlos De Vasconcelos Belo, Alex Lamarque Carminati e Caroline Oliveira Lima. Apesar do pedido, a denúncia ainda não foi aceita pelo Tribunal de Justiça.
Ainda segundo a denúncia, os cinco primeiros assumiram o risco de matar ao realizar conexões do cabeamento elétrico, que energizavam os trailers de comida espalhados pelo local, de maneira rudimentar e em espaço inadequado.
Laudo prova instalação precária
No laudo de exame de perícia técnica no food truck foi constatado a existência de uma extensão com “plug steck” compatível com a tomada externa que o alimentava, sendo verificada nas extremidades a exposição de condutores nus (descascados), demonstrando que foram utilizados através de conexão direta por torção a outro ramal elétrico (sem conexão adequada), fora dos padrões normativos.
Na ocasião, Marcelo e Paulo, responsáveis técnicos pelas ligações do festival, teriam realizado um aterramento para "encobrir" a fuga de corrente por eles percebidas, assumindo mais uma vez o risco de descargas elétricas.
Além disso, Juareme, Guilherme e Adalberto, proprietário e dirigentes de uma empresa contratada para realização das ligações elétricas do evento receberam o valor de R$ 86 mil para o trabalho e enviou ao local apenas dois eletricistas, a custo diário de R$ 220, mais três ajudantes, precário material e nenhuma supervisão técnica, pois tinham ciência que o engenheiro responsável não iria ao local, indicando-o por mera formalidade.
Outro ponto apontado pelo MPRJ é que os integrantes do corpo de engenheiros da empresa, Eli Felipe, Marcio Carlos, Caroline, e o supervisor Alex Lamarque, omitiram-se ao não realizar a vistoria adequada e entregaram à produtora do evento uma área com instalações elétricas totalmente precárias, com condutores energizados e não isolados, expostos em caixas de passagem subterrâneas inundadas, uma delas instalada a 1 metro do local onde a vítima foi eletrocutada.
Ainda segundo a denúncia, o engenheiro Eli Felipe foi responsável pela assinatura da anotação de responsabilidade técnica das instalações elétricas, mesmo sem sequer ter comparecido ao local para realizar a inspeção das medidas.
Nas mesmas circunstâncias de local, em momento posterior à morte da vítima, supervisores e coordenadores do evento, ordenaram a imediata desmontagem das estruturas, desfazendo o local dos fatos, dificultando o trabalho pericial, incluindo a praça de alimentação.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestações.
O jovem sofreu uma descarga elétrica ao encostar em food truck durante o festival "I Wanna Be Tour" no dia 9 de março deste ano. Na ocasião, chovia muito no local. De acordo com a mãe da vítima, Roberta Ferreira, diversas testemunhas confirmaram vários fios espalhados pelo chão e reclamaram da falta de organização. O local também não foi preservado para perícia, sendo limpo e esvaziado antes da chegada da polícia.
Em documento obtido pelo DIA, o MPRJ requereu a prisão de nove dos denunciados, sendo eles: Marcelo Silva Santos, Paulo Roberto Do Nascimento, Juareme Ribeiro Mocuta, Guilherme Ribeiro Mocuta Mesquita, Adalberto Garcia, Eli Felipe Valadão Belo, Márcio Carlos De Vasconcelos Belo, Alex Lamarque Carminati e Caroline Oliveira Lima. Apesar do pedido, a denúncia ainda não foi aceita pelo Tribunal de Justiça.
Ainda segundo a denúncia, os cinco primeiros assumiram o risco de matar ao realizar conexões do cabeamento elétrico, que energizavam os trailers de comida espalhados pelo local, de maneira rudimentar e em espaço inadequado.
Laudo prova instalação precária
No laudo de exame de perícia técnica no food truck foi constatado a existência de uma extensão com “plug steck” compatível com a tomada externa que o alimentava, sendo verificada nas extremidades a exposição de condutores nus (descascados), demonstrando que foram utilizados através de conexão direta por torção a outro ramal elétrico (sem conexão adequada), fora dos padrões normativos.
Na ocasião, Marcelo e Paulo, responsáveis técnicos pelas ligações do festival, teriam realizado um aterramento para "encobrir" a fuga de corrente por eles percebidas, assumindo mais uma vez o risco de descargas elétricas.
Além disso, Juareme, Guilherme e Adalberto, proprietário e dirigentes de uma empresa contratada para realização das ligações elétricas do evento receberam o valor de R$ 86 mil para o trabalho e enviou ao local apenas dois eletricistas, a custo diário de R$ 220, mais três ajudantes, precário material e nenhuma supervisão técnica, pois tinham ciência que o engenheiro responsável não iria ao local, indicando-o por mera formalidade.
Outro ponto apontado pelo MPRJ é que os integrantes do corpo de engenheiros da empresa, Eli Felipe, Marcio Carlos, Caroline, e o supervisor Alex Lamarque, omitiram-se ao não realizar a vistoria adequada e entregaram à produtora do evento uma área com instalações elétricas totalmente precárias, com condutores energizados e não isolados, expostos em caixas de passagem subterrâneas inundadas, uma delas instalada a 1 metro do local onde a vítima foi eletrocutada.
Ainda segundo a denúncia, o engenheiro Eli Felipe foi responsável pela assinatura da anotação de responsabilidade técnica das instalações elétricas, mesmo sem sequer ter comparecido ao local para realizar a inspeção das medidas.
Nas mesmas circunstâncias de local, em momento posterior à morte da vítima, supervisores e coordenadores do evento, ordenaram a imediata desmontagem das estruturas, desfazendo o local dos fatos, dificultando o trabalho pericial, incluindo a praça de alimentação.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestações.
Procurado, o Riocentro respondeu que toda a produção e operação do Festival I Wanna Be Tour foram de responsabilidade da 3Oe, incluindo instalações elétricas, distribuição de energia, alimentação, segurança, brigada de incêndio e serviços médicos.
"O centro de convenções tão somente alugou uma área externa para a empresa em questão. Portanto, seus colaboradores não têm qualquer relação com o que provocou a descarga elétrica que vitimou o estudante João Vinícius Ferreira Simões, o que será comprovado na Justiça", comunicou.
Mãe pede Justiça
Ao DIA, Roberta Ferreira, mãe de João Vinicius, contou esperar que os responsáveis sejam punidos. "Como mãe que perdeu seu filho de maneira tão dolorosa e precoce, o que eu mais espero da justiça é que esse processo seja feito com rigor e transparência, para que cada falha, negligência ou descuido seja exposta e devidamente punida. Meu maior desejo é que a dor que estou enfrentando tenha algum significado e que, por meio desse processo a vida de outras pessoas possam ser protegidas, impedindo que tragédias como essa não se repitam", disse.
Em meio a dor, ela revelou que continuará lutando. "Perder um filho em um evento que deveria ser seguro é algo que nenhuma mãe deveria enfrentar. Espero da justiça não apenas uma responsabilização completa dos envolvidos, mas também que esse caso seja um marco para mudanças efetivas na segurança de eventos públicos. Essa luta não é apenas por minha família, mas por todas as famílias que prezam pela segurança e a proteção daqueles que amam", explicou.
Por fim, Roberta reforçou que nada trará o filho de volta. "Esse processo precisa levar em consideração a vida que se perdeu, para que nada seja tratado com descaso ou esquecimento".
Em meio a dor, ela revelou que continuará lutando. "Perder um filho em um evento que deveria ser seguro é algo que nenhuma mãe deveria enfrentar. Espero da justiça não apenas uma responsabilização completa dos envolvidos, mas também que esse caso seja um marco para mudanças efetivas na segurança de eventos públicos. Essa luta não é apenas por minha família, mas por todas as famílias que prezam pela segurança e a proteção daqueles que amam", explicou.
Por fim, Roberta reforçou que nada trará o filho de volta. "Esse processo precisa levar em consideração a vida que se perdeu, para que nada seja tratado com descaso ou esquecimento".
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