Anic Herdy foi morta e teve o corpo concretado na garagem da casa de Lourival Correa Neto FatigaReprodução
Publicado 17/12/2024 15:54
Rio - A perícia da Polícia Civil analisou a reprodução simulada da morte de Anic Herdy, na Região Serrana, e concluiu que o crime foi um feminicídio premeditado, cometido pelo assassino confesso Lourival Fatiga. Apesar da conclusão do laudo, a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) permanece inalterada, mantendo as acusações de homicídio triplamente qualificado, extorsão e ocultação de cadáver.
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A perícia da reprodução simulada, realizada no dia 23 de outubro deste ano, indicou que o buraco onde o corpo de Anic foi concretado já havia sido aberto antes da morte dela. O laudo também aponta que Lourival contou com a ajuda de uma pessoa, ainda não identificada, para concretar o cadáver. Anteriormente ele havia dito que agiu sozinho. 
Ao DIA, a delegada Cristiana Onorato Miguel, titular da 54ª DP (Belford Roxo), e uma das responsáveis pela investigação, frisou que o laudo da reprodução simulação foi analisado somente com base nos fatos alegados pelo réu. "Como está no laudo, foi uma sugestão dos peritos com base no que foi verificado no local. Ocorre que os peritos não têm acesso a todas as provas que foram produzidas no inquérito. Não podem afirmar isso. O titular da ação penal é o Ministério Público, que já fez a capitulação", explicou. A delegada diz ainda que mais adiante o juiz poderá concordar ou não com a perícia da reprodução simulada na análise de prova.
Após uma longa investigação, a 54ª DP e 105ª DP (Petrópolis) denunciaram Lourival, a amante dele e os filhos, Henrique Vieira e Maria Luíza Vieira, por envolvimento no crime. Apontados como cúmplices do pai, Maria Luíza e Henrique tiveram a prisão revogada pela justiça em outubro. O casal permanece preso aguardando o julgamento.
Defesa de Lourival se manifesta
A defesa do assassino confesso afirmou, por meio de nota, que o laudo da reprodução simulada dos fatos não consta no inquérito policial nem no processo criminal em andamento. Nesta terça-feira (17), a advogada de Lourival, Flávia Froes, enviou um ofício à Secretaria de Polícia Civil questionando a existência do referido laudo.
"Quanto a colaboração de terceiras pessoas na ocultação do cadáver de Anic, a defesa esclarece que em colaboração espontânea Lourival esclareceu que o buraco havia sido cavado anteriormente por profissional da construção civil, o qual não teve ciência nem antes nem depois da ocultação do corpo no local", finalizou.
Reprodução simulada
A reprodução teve início em um shopping de Petrópolis, onde Anic foi vista pela última vez, ao entrar em um carro Jeep Compass preto, no estacionamento. Em seguida, as equipes e o réu foram para o Motel Fujiama, no distrito de Itaipava, onde a vítima teria sido morta. Segundo o assassino confesso, após matar a mulher, ele pediu ao serviço de quarto para comprar o lençol, que ficou sujo de sangue durante o homicídio.
O tecido serviu para limpar as manchas de sangue na suíte e no carro do réu. O corpo de Anic foi encontrado em avançado estágio de decomposição, enrolado em um plástico bolha, casa de Lourival, em Teresópolis. A revelação do local onde estava o cadáver foi feita pelo próprio assassino, que utilizou a sapata do muro para enterrar e concretar o cadáver. Segundo a Polícia Civil, Lourival matou Anic utilizando uma abraçadeira plástica, também conhecido como enforca-gato.
De sequestro a homicídio 
Anic desapareceu em 29 de fevereiro, em Petrópolis, mas o registro do sumiço da advogada só aconteceu em 14 de março, porque Lourival orientou o marido da vítima, Benjamim Herdy, a não procurar as autoridades. Nesse intervalo, o idoso recebia ameaças por mensagens de texto dos supostos sequestradores e pedidos de resgate que totalizam R$ 4,6 milhões.
As investigações apontaram que Lourival, os filhos e sua amante se beneficiaram da quantia, e foram denunciados por envolvimento no crime. Em 30 de agosto, a defesa do já réu no caso afirmou que ele confessou ter matado a advogada no mesmo dia do desaparecimento. Os advogados ainda detalharam que não houve sequestro e que a vítima entrou no carro do acusado, com quem tinha um relacionamento extraconjugal, por espontânea vontade.
O corpo de Anic foi localizado em 25 de setembro e Lourival apontou o viúvo da vítima como mandante do crime, por meio de uma carta entregue à sua defesa. De acordo com os advogados, ele teria ordenado a morte da mulher em janeiro e o falso sequestro seria uma maneira de encobrir o assassinato. Na ocasião, o advogado João Vitor Ramos, que representa o marido e os filhos dela, disse que eles entenderam a entrevista como um ato de desespero e crueldade.
 
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