Emanuel da Silva Felix, 16 anos, foi um dos baleados na festa junina no Santa AmaroArquivo Pessoal

Rio - O adolescente Emanuel da Silva Felix, 16 anos, um dos feridos durante o tiroteio que matou o jovem Herus Guimarães Mendes da Conceição, 24, em uma festa junina na comunidade do Santo Amaro, na Zona Sul, na sexta-feira passada (6), foi baleado nas costas e ainda está com o projétil alojado no tórax. Morador da comunidade da Chumbada, no bairro Galo Branco, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, o rapaz já se recupera em casa com a ajuda de familiares.

Ao DIA, a mãe do menino, a cuidadora Maria Aparecida da Silva Félix, de 46 anos, explicou que apesar do susto e dos cuidados necessários a partir de agora, o sentimento é de alívio por poder ter o filho vivo.

"Eu só tenho a agradecer mesmo a Deus pelo dom da vida do meu filho, por esse livramento. Foi uma fatalidade para a família do outro menino, mas pelo menos aqui eu tenho só vitória", disse.

Emanuel faz parte da Quadrilha Balão Dourado, sediada em São Gonçalo, e tinha acabado de se apresentar no evento quando foi atingido.

"Ele participou da quadrilha ano retrasado, saiu e estava retornando esse ano. Durante o tiroteio, ele já tinha se apresentado e já estava todo mundo a caminho do ônibus, enquanto alguns estavam assistindo a outra equipe se apresentando", contou a mãe.

O adolescente chegou a ser encaminhado à UPA da região e em seguida para o Hospital Municipal Souza Aguiar. A mãe estava em casa quando soube da notícia pelo responsável da quadrilha.

"A polícia levou ele para Souza Aguiar e ele fez uma tomografia, em que mostrou que a bala está alojada. A orientação que deram é que essa bala vai sair com o tempo, que vai demorar um pouquinho, mas ela vai sair porque é uma coisa que não é do corpo. E acho que agora é só esperar mesmo, além do tratamento com o psicólogo", afirmou.

Segundo a mãe, Emanuel vai precisar de acompanhamento psicológico para lidar com o trauma. No momento, o adolescente está estável fisicamente, mas ainda assustado com todo o ocorrido.
Nas redes sociais, a Quadrilha Balão Dourado lamentou o caso. "Estávamos todos felizes, vivendo esse momento tão especial, celebrando com alegria a nossa cultura junina. Tudo o que aconteceu foi inesperado, foi forte", disse.
O tiroteio teve início durante uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Além da morte de Herus, outras cinco pessoas ficaram feridas, incluindo Emanuel.
Comandantes exonerados
Segundo a PM, o Batalhão atuava para verificar a presença de criminosos fortemente armados, se preparando para uma possível investida de rivais. A corporação disse que bandidos atiraram contra os militares na região onde ocorria o evento, mas eles não revidaram. Entretanto, "em outro ponto da comunidade, os criminosos atacaram as equipes novamente, gerando confronto".
Os agentes estavam com câmeras de uso corporal, que serão averiguadas. O comando do Bope instaurou procedimento apuratório sobre o caso. A DHC recolheu as armas dos policiais militares envolvidos no tiroteio e serão analisadas. As investigações do crime também são acompanhadas pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Neste domingo (8), o governador Cláudio Castro exonerou os comandantes do Comando de Operações Policiais Especiais (COE), André Luiz de Souza Batista, e do Bope, Aristheu de Góes Lopes. Segundo informações, eles autorizaram a realização da ação durante a festa na comunidade. Além disso, também foram afastados preventivamente do serviço nas ruas, até o esclarecimento dos fatos, os policiais envolvidos na operação.