Monalisa vendia doces vestindo a blusa do Vasco quando foi agredidaReprodução
Publicado 23/09/2025 08:50
Rio - Uma vascaína denuncia ter sido brutalmente agredida por torcedores do Flamengo enquanto vendia doces nos arredores do Maracanã, na Zona Norte, momentos do clássico que ocorreu no último domingo (21). Na ocasião, Monalisa Ferreira de Souza teve um dos dentes e o braço quebrados.
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Protetora de animais, ela chegou a publicar nas redes sociais, antes de sair de casa, um vídeo em que aparece com a blusa do time do coração, um isopor e um carrinho, dizendo estar com 14 caixas de doce e que o dinheiro seria usado para o abrigo que possui.

"Estou indo para o Maracanã vender nossos doces. Tenho fé que hoje vou vender 14 caixas de doce. Quem puder comprar pra ajudar nosso abrigo, porque os animais precisam muito da gente e eu só tenho vocês pra tá me ajudando e minha força de vontade para está correndo atrás das coisas", contou.


Na segunda (22), Monalisa gravou um outro vídeo muito emocionada, em que aparece com o olho roxo e braço quebrado.

"Não vou falar torcedor porque torcedor somos nós, não importa de que time, mas que vai para o estádio torcer sem arrumar briga e sem prejudicar os trabalhadores. Quando eu tava chegando com meus doces, minhas coisas, não sei nem como se diz essas pessoas, esses vândalos… Eu tive que deixar minhas coisas pra traz, me machuquei, tomei uma porrad* no olho, cai, quebrou meu dente. E a gente aqui nao ta falando de time né, tá falando de pessoas que não sabem se divertir, não respeita nem quem tá trabalhando, vândalos, porque tanta gente que nos ajuda de outro time", lamentou.

A vascaína chegou a relembrar já ter sido ajudada por um fotógrafo do Botafogo e também pelo goleiro do Fluminense, o Fábio.

"Seu Marcão o Botafogo já cansou de fazer campanha para oo nosso abrigo, o Fábio goleiro do Fluminense já doou R$ 1.500 reais quando eu fui no CT. Tenho tanto amigo flamenguista, tantas pessoas boas. Mas é isso, eu deixei minhas coisas pra traz e quem tiver um isopor, um carrinho que possa estar me doando, pra eu voltar a vender minhas coisas, porque eu não vou parar", contou.

Monalisa ainda pediu por paz nos estádios. "Eu espero que as pessoas se conscientizem. Eu sai para trabalhar, todos sabem da dificuldade que eu tenho tido para comprar minhas coisas, e eu fiquei muito chateada, sai tão feliz nada e hoje estou assim. Vamos nos respeitar", finalizou.

A situação da vendedora repercutiu nas redes sociais e gerou uma onda de doações. Ao longo do dia, ela agradeceu a ajuda e chegou a publicar uma imagem do jogador Roberto Dinamite, maior artilheiro da história do Vasco, que morreu no dia 8 de janeiro de 1923. "Ah meu guerreiro, obrigada por está me ajudando aí de cima. Meu abrigo vai virar baile”, disse.

Procurada, a Polícia Militar informou que não foi acionada. Em nota, a Polícia Civil explicou que até o momento, não houve registro de ocorrência com essas características na delegacia da área.

"A Polícia Civil orienta que todos os casos sejam registrados, permitindo, assim, que os fatos sejam investigados e que os criminosos sejam identificados e responsabilizados", relatou em comunicado.
Violência rotineira
No último dia 11, no dia do clássico entre Vasco e Botafogo, o torcedor vascaíno Rodrigo José Santana, de 36 anos, morreu baleado na cabeça momentos antes da partida pelas quartas de final da Copa do Brasil. O ataque foi realizado por também por torcedores do Flamengo.
Na semana seguinte, oito homens, todos integrantes de uma mesma torcida organizada, foram presos, entre eles Tiago de Souza Câmara Mello, conhecido como Boinha, presidente da Torcida Jovem do Flamengo (TJF). 
Outro caso aconteceu no Distrito Federal, onde o também vascaíno Eumar Vaz, conhecido como "Dark" pelos amigos, foi morto após ser brutalmente agredido por torcedores do Flamengo dentro de um ônibus em Samambaia, no Distrito Federal. O caso aconteceu na noite deste domingo após o empate por 1 a 1 no clássico entre os dois clubes.
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