
Esses dias estive pensando em como os subúrbios do Rio de Janeiro nos proporcionam figuras quase folclóricas que acabam fazendo parte de nossa rotina. A personagem mais emblemática é o cidadão que corta piso. As sobras de piso que ficam no quintal juntando quebra-pedra que brota do chão de cimento e lacraias não me deixam mentir. Essa entidade foi batizada como Vizinho da Maquita por um consenso popular.
Não importa a hora nem o dia, ele estará lá cortando piso. Incansável, nunca ninguém sabe quando sua obra irá terminar. Muitos cogitam que o Vizinho da Maquita esteja projetando um Taj Mahal ou algo parecido. Existem relatos de vizinhos que estão cortando piso há dois anos e nunca acabam. Como isso é possível?
O Vizinho da Maquita é uma dentre tantas personagens que existem em nossos bairros. Certamente, nesse exato momento você deve estar ouvindo o barulho da máquina dilacerando uma cerâmica. Se não está ouvindo, vai ouvir ou pelo menos lembrou do som. E, claro, você sabe que perto da sua casa tem alguém fazendo isso, mesmo que seja às 22h.
Agora, a lei universal que envolve essa situação é a seguinte: se você não tem um Vizinho da Maquita, certamente você É o Vizinho da Maquita. Ou um dia será. É inevitável. Está entranhado em nós, moradores dos subúrbios do Rio de Janeiro.
