O magistrado recebeu denúncia do Ministério Público do Estado de que Cabral vinha recebendo visitas irregulares no Complexo Penitenciário de Gericinó. Entre os que visitaram Cabral estão autoridades do estado, como o presidente da assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Jorge Picciani (PMDB).
Além disso, quando a defesa do ex-governador entrou com ação pedindo a libertação de Cabral, alegou que o ex-governador corria risco em Bangu, onde também estão traficantes e milicianos presos na sua gestão. O juiz Bretas não concedeu a liberdade,mas se valeu também dos argumentos dos advogados de Cabral para justificar a transferência.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que todas as visitas de familiares de Cabral foram previamente cadastradas e que os deputados têm prerrogativa de entrar no presídio mesmo fora de horário de visitas.
Cabral é investigado em processo da 13ª Vara Federal de Curitiba (Operação Lava Jato), do juiz Sérgio Moro. Segundo a denúncia, ele recebeu R$2,7 milhões da construtora Andrade Gutierrez, por obras no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). O suposto pagamento da propina recebida por Cabral teria sido intermediada por Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras. No Rio, ele é investigado na Operação Calicute, que apura rombo de R$ 220 milhões aos cofres do estado.
Cabral saiu de Bangu 8 com destino à Curitiba, por volta das 10 horas. Ele usava camisa branca e calça jeans, e abraçou, na despedida, três filhos que tinham ido visitá-lo. Levando duas sacolinhas de plástico com seus pertences, embarcou na viatura da Polícia Federal e saiu do complexo debaixo de vaias e gritos de ladrão. O avião com o ex-governador decolou da Base Aérea do Galeão, por volta das 14 horas. Duas horas depois, chegou a Curitiba.