Veículo com manchas de sangue foi apreendido em operação no Complexo do Castelar, em Belford Roxo
Veículo com manchas de sangue foi apreendido em operação no Complexo do Castelar, em Belford RoxoReprodução/ Agência O DIA
Por Beatriz Perez
Rio - Um carro com manchas de sangue no porta-malas foi encontrado dentro do Complexo do Castelar, em Belford Roxo, durante operação nesta sexta-feira. A apreensão foi apontada como indício de que os traficantes operam um "tribunal do tráfico". "O veículo estava aberto, com o porta-malas sujo de sangue. Há a possibilidade do carro ter sido utilizado em um homicídio meses atrás. Os pertences de uma vítima de roubo foram encontrados dentro do carro", conta o delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada, Uriel Alcântara.
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O diretor-geral de polícia especializada, Felipe Cury, ressaltou que o tráfico torturou um morador do Complexo do Castelar tentando apresentá-lo como responsável pelo desaparecimento dos três meninos em Belford Roxo, Lucas Matheus, Alexandre e Fernando Henrique, em dezembro do ano passado.
"O tráfico sentencia e executa na hora seus desafetos. Outro exemplo é o caso da namorada do Dalton, que também foi julgada pelo tribunal. Isso é reiterado e a polícia está aqui para atuar como garantidora de Direitos Humanos dessas comunidades que vivem sob a ditadura do tráfico", afirmou Cury.
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As dezesseis pessoas presas na operação desta sexta-feira foram identificados pelas investigações como autoras de variados crimes: assaltos, roubos, tráfico e aliciamento de menores. "Como nossa principal linha de investigação do desaparecimento das crianças é o tráfico, entendemos que possamos obter elementos que nos possam permitir avançar na investigação", disse o diretor do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa, Roberto Cardoso.
A polícia apura se um furto de passarinhos motivou a reação dos criminosos contra as crianças. "A subtração de pássaros de determinado traficante poderia ter levado ao crime. É uma das linhas de investigação que a gente vem atuando. Houve uma tortura de um morador do Castelar para incriminá-lo pelo desaparecimento. Vamos colher oitivas com os presos", afirmou o delegado Uriel Alcântara. 
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O titular da Delegacia de Homicídios da Baixada (DHBF) acrescentou que ainda trata o caso como desaparecimento. "Infelizmente, são três crianças desaparecidas. Quando tivermos provas, tratamos de outra forma, mas ainda é desaparecimento", afirmou.

O diretor-geral de Homicídios Roberto Cardoso disse que a operação demonstra sensibilidade da Polícia Civil em solucionar o caso dos meninos desaparecidos. "Visamos obter provas para elucidar esse fato. Conseguimos elementos de prova, como um veículo roubado com manchas de sangue na mala. A Polícia Civil não descansa enquanto não esclarecer esse fato", declarou.

Cerca de 150 agentes participaram da operação e ocuparam pelo menos três comunidades na região. Além das prisões, a polícia apreendeu armas, drogas e material para confecção das drogas.
Operação não teve confronto

Felipe Cury destacou que na operação desta sexta-feira não houve confronto porque os criminosos não reagiram. "Foram 16 presos sem qualquer reação por parte dos criminosos. A ação da polícia depende da reação dos criminosos. Como não houve reação, os 16 foram presos", afirmou.

O diretor de Departamento Geral de Homicídios, Roberto Cardoso, comparou a ação de hoje com a do Jacarezinho do dia 6 de maio. "A operação de hoje, tal qual a do Jacarezinho, foi para cumprir mandados, dentro da legalidade. Mas, no Jacarezinho houve resistência dos criminosos", disse o diretor.