Coletiva na Cidade da Polícia sobre a operação em Belford Roxo, na comunidade Castelar
Coletiva na Cidade da Polícia sobre a operação em Belford Roxo, na comunidade CastelarESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Por Beatriz Perez
Rio - Os dezesseis presos durante operação da Polícia Civil nesta sexta-feira (21), no Complexo do Castelar, em Belford Roxo, estão ligados a diversos crimes, inclusive tortura. Para os investigadores, eles fazem parte de um tribunal do tráfico que atua na comunidade, que pode estar relacionado ao desaparecimento dos meninos Lucas Matheus, Alexandre e Fernando Henrique, em dezembro do ano passado.


A principal linha de investigação da polícia é de que os meninos tenham sido vítimas do grupo. A polícia apura se um furto de passarinhos motivou a reação dos criminosos. "A subtração de pássaros de determinado traficante, poderia ter levado ao crime. É uma das linhas de investigação que a gente vem atuando. Houve uma tortura de um morador do Castelar para incriminá-lo pelo desaparecimento. Vamos colher oitivas com presos", afirmou o delegado Uriel Alcântara.

O titular da Delegacia de Homicídios da Baixada acrescentou que segue tratando o caso ainda como desaparecimento. "Infelizmente, são três crianças desaparecidas. Quando tivermos provas, tratamos de outra forma, mas ainda é desaparecimento", afirmou.

O fato de que um morador do Complexo do Castelar foi torturado e apontado como responsável pelo crime contra as crianças também é tido como indício de que o tráfico é responsável pelo desaparecimento. O homem foi levado para a sede da DHBF e inocentado do crime. Após o episódio, foi expulso da comunidade. A esposa e os filhos também tiveram que sair do local apenas com a roupa do corpo.
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Morador foi apontado por traficantes como responsável por desaparecimento de meninos na Baixada - Reprodução/ Agência O DIA
Morador foi apontado por traficantes como responsável por desaparecimento de meninos na BaixadaReprodução/ Agência O DIA


O diretor-geral de polícia especializada, Felipe Cury, ressaltou que o tráfico sentencia e executa seus desafetos. "Outro exemplo é o caso da namorada do Dalton, que também foi julgada pelo tribunal. Isso é reiterado e a polícia está aqui para atuar como garantidora de Direitos Humanos dessas comunidades que vivem sob a ditadura do tráfico", afirmou Cury.
Na operação desta sexta-feira, havia 22 mandados de prisão e 15 de busca e apreensão. Foram apreendidos carros e motocicletas, inclusive um veículo com a mala manchada de sangue.

O diretor-geral de Homicídios Roberto Cardoso disse que a operação demonstra sensibilidade da Polícia Civil em solucionar o caso dos meninos desaparecidos. "Visamos obter provas para elucidar esse fato. Conseguimos elementos de prova, como um veículo roubado com manchas de sangue na mala. A Polícia Civil não descansa enquanto não esclarecer esse fato", declarou.

Cerca de 150 agentes participaram da operação e ocuparam pelo menos três comunidades na região. Além das prisões, a polícia apreendeu armas, drogas e material para confecção das drogas.
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Coletiva na Cidade da Polícia sobre a operação em Belford Roxo, na comunidade Castelar - ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Coletiva na Cidade da Polícia sobre a operação em Belford Roxo, na comunidade CastelarESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Operação não teve confronto

Felipe Cury destacou que na operação desta sexta-feira não houve confronto porque os criminosos não reagiram. "Foram 16 presos sem qualquer reação por parte dos criminosos. A ação da polícia depende da reação dos criminosos. Como não houve reação, os 16 foram presos", afirmou.

O diretor de Departamento Geral de Homicídios, Roberto Cardoso, comparou a ação de hoje com a do Jacarezinho do dia 6 de maio. "A operação de hoje, tal qual a do Jacarezinho, foi para cumprir mandados, dentro da legalidade. Mas, no Jacarezinho houve resistência dos criminosos", disse o diretor.
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Desaparecimento de meninos
As famílias de Lucas Matheus, Alexandre e Fernando Henrique reclamam da demora nas investigações. Após quatro meses do desaparecimento, a polícia montou uma Força-Tarefa para agilizar as investigações. A principal linha era a de que traficantes estavam envolvidos no desaparecimento das crianças.

A DHBF analisou mais de 40 câmeras de segurança, mas não conseguiu imagens das crianças. Em março, o Ministério Público do Rio conseguiu uma imagem que flagrou os amigos em uma rua no bairro vizinho.

A Polícia Civil realizou mais de 80 diligências para tentar localizar os garotos.