Severina da Silva Nunes, de 69 anos, foi baleada e morta no Morro do Turano, Zona Norte do RioDivulgação

Rio - A Justiça do Rio tornou réu, nesta sexta-feira (26), o policial militar Wesley Pereira de Lima Nascimento pelo homicídio da idosa Severina da Silva Nunes, de 69 anos, ocorrido em uma ação no Morro do Turano, no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio, em junho do ano passado. A idosa tomava um café em um bar da comunidade no momento em que foi baleada.
A juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), realizada nesta quinta-feira (25). A magistrada determinou o afastamento de Wesley do cargo de PM e a suspensão do seu porte de arma. Para Roidis, essa medida serve para resguardar as testemunhas e a própria sociedade.
Além disso, o PM está proibido de manter qualquer tipo de contato, inclusive telefônico, com familiares da vítima e demais testemunhas, devendo se manter a uma distância mínima de 500 metros. Caso ele não cumpra as medidas cautelares, o agente pode ser preso.
Segundo as investigações, o PM, lotado na época na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Turano, estava com o seu fuzil para fora da janela da viatura mesmo sem qualquer situação de risco à vida ou à integridade física dos policiais ou de terceiros.
Na denúncia enviada à Justiça, o promotor Alexandre Themístocles disse que o policial abriu fogo em direção ao alto da comunidade de "modo irrazoável e desproporcional". Logo em seguida, o agente saiu da viatura e continuou andando e atirando na mesma direção. A promotoria também destacou que Wesley sabia que naquela região havia pessoas e que ele conhecia os resultados que poderiam atingir através do emprego ilegal e desnecessário do armamento.
Relembre o caso
Severina Nunes foi baleada no dia 15 de junho de 2023 em um bar na Rua Joaquim Pizarro, uma das vias de acesso ao Morro do Turano. Na ocasião, Kécia de Souza da Silva, de 30 anos, que estava grávida de oito meses, ficou ferida por estilhaços.
A idosa chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiu aos ferimentos. Kécia foi encaminhada para a mesma unidade, onde recebeu cuidados junto do seu bebê. Em relação ao caso da mulher, a juíza Alessandra Roidis encaminhou o processo contra Wesley para a Auditoria da Justiça Militar.
Moradores relataram que os policiais subiram a comunidade atirando e que no momento em que a vítima foi baleada não havia confronto. No dia da ocorrência, a Polícia Militar alegou que criminosos atacaram os agentes, o que gerou um revide e um conflito.
O caso foi investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A Corregedoria Geral da PM também apurou as circunstâncias do fato.
Carinhosamente apelidada de Milonha pelos vizinhos, Severina era considerada a alegria da família e a tia favorita dos sobrinhos. A idosa foi sepultada no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio.