Quaquá fala em 'plano B' se Lula for impedido de disputar eleições - Maíra Coelho / Agência O Dia
Quaquá fala em 'plano B' se Lula for impedido de disputar eleiçõesMaíra Coelho / Agência O Dia
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Rio - O presidente do diretório estadual do PT do Rio, Washington Quaquá, ex-prefeito de Maricá, quebrou o silêncio que imperava no PT sobre a possibilidade de um substituto para Luiz Inácio Lula da Silva, o chamado "plano B", caso o ex-presidente seja impedido pela Justiça de disputar a Presidência na eleição deste ano. A iniciativa contraria decisão do partido de formalização da pré-candidatura do petista tomada um dia após Lula ter condenação confirmada pela Justiça da segunda instância por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, em São Paulo.

Em texto intitulado "Permita-me discordar!", postado nesta quarta-feira, na página oficial do PT-RJ no Facebook, Quaquá propõe que o PT mantenha a candidatura de Lula até o limite legal, conforme já foi aprovado e divulgado amplamente pelo partido, mas discuta abertamente o "plano B" e escolha "um petista amplo e com experiência de governo, sem sectarismo, que seja seu companheiro de chapa e substituto em caso de violência institucional do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Segundo Quaquá, ao insistir em não apontar uma alternativa a Lula, o PT corre risco de transformar sua "bomba nuclear" em um "artefato inativo eleitoralmente".

Repercussão

O texto teve ampla repercussão interna no partido. Segundo petistas, a opinião de Quaquá reflete a posição de um setor minoritário da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a maior do PT, da qual faz parte o próprio Lula. De acordo com dirigentes petistas, Quaquá fez a postagem depois de participar de uma reunião da corrente em São Paulo.

Segundo ele, o que está em jogo são dois caminhos diferentes para a reconstrução do PT sem Lula. O primeiro, sem "plano B", seria de médio prazo, pois pressupõe uma derrota eleitoral. O segundo, conforme Quaquá, permitiria a formação de uma aliança em torno de Lula, manteria o poder do ex-presidente de influir no resultado da eleição deste ano.

"Precisamos decidir se queremos apenas reconstruir o PT com 30% da sociedade. Organizar o povo com uma nova organização, "mais à esquerda", nem que para isso tenhamos que ser derrotados e levar Lula para o martírio, que aliás potencializará a organização mais nítida e de esquerda de nosso partido ou de nosso campo. Um processo de reorganização de médio prazo, mas que pressupõe a derrota nesta conjuntura. Ou se vamos buscar barrar o estado policial já! Neste processo eleitoral de 2018, combinado com ampla mobilização popular, centrada na organização dos comitês nas periferias e junto ao povo. Alianças e frente ampla democrática com setores fora da esquerda. E levar a candidatura Lula até o fim, mas já apontando um vice/parceiro/candidato alternativo em caso de violência. Só uma tática ampla, viável e eleitoralmente concreta pode nos levar à vitória. E a vitória é possível!", disse Quaquá no texto.

Radicalização

De acordo com ele, o discurso radical em defesa de Lula pode levar à desmoralização do PT se não houver o apoio popular nas ruas esperado pela direção do partido. "O discurso esteticamente radical nosso não vai nos levar a nada Esse discurso estreito de incitar um movimento de massas sem massa terá efeito desmoralizante! Uma revolução sem exército popular não é revolução é blefe!", escreveu o dirigente.

O nome preferido da CNB para substituir Lula é o do ex-governador da Bahia Jaques Wagner que, no entanto, prefere disputar o Senado. Outro nome citado é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que não vai ser candidato nas eleições deste ano e foi escolhido por Lula para coordenar o programa de governo do PT.

 

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