Rio - Os corpos das nove vítimas da chacina ocorrida na última quinta-feira em um assentamento rural no distrito de Taquaruçu do Norte, em Colniza, no norte de Mato Grosso, foram transportados para o centro do município. Lá foi montada estrutura para ser realizada a perícia técnica. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso, a suspeita é de que os autores dos crimes sejam capangas de fazendeiros da região. Todas as vítimas são homens e oriundas de Rondônia.
Os agentes da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) estão em Colniza desde a última sexta-feira (21) para ajudar na identificação dos corpos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso,não há previsão para o fim dos trabalhos técnicos e o enterro das nove vítimas.
O Movimento dos Sem-Terra (MST) considerou uma “tragédia anunciada” o assassinato dos nove sem-terra. Em nota, alega que a chacina não é um fato isolado e lembra que há dois anos Josias Paulino de Castro e Irani da Silva Castro, dirigentes camponeses do município, foram assassinados 48 horas após denunciar ameaças para o ouvidor nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Ainda conforme a nota do MST, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta a região como uma das mais violentas do Brasil e que nada tem sido feito para impedir novas tragédias e “a repetição de outras que marcam o mês de abril, como Eldorado dos Carajás, que dia 17 completou 21 anos de impunidade” — na ocasião, 19 integrantes sem-terra foram mortos pela Polícia Militar.
Taquaruçu do Norte fica a 250 quilômetros do centro da cidade de Colniza e é de difícil acesso. Para chegar até o local é preciso seguir de barco pelo Rio Roosevelt. A área também não possui redes de telefonia e de internet. Desde a última sexta, o governo do estado mantém equipes das polícias Civil e Militar na cidade.