Brasília - Ao mesmo tempo em que intensifica as articulações para barrar na Câmara a denúncia por corrupção passiva, o presidente Michel Temer disse nesta terça-feira, que será "obediente" ao que os deputados decidirem, respeitando "qualquer que seja o resultado da votação". Temer afirmou, contudo, que não vai "tolerar que paralisem o País" e que "o importante é que enquanto alguns protestam, a caravana passe e está passando".
Desde a semana passada, o presidente tem participado pessoalmente de reuniões com parlamentares e líderes da base para tentar garantir os votos contra a admissibilidade da acusação formal no Congresso. Depois de um dia conturbado ontem no Senado, em que a oposição tentou travar o andamento da reforma trabalhista, o presidente atuou para convencer partidos da base a fechar questão contra o seguimento da denúncia e por novas trocas de parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na tentativa de alcançar placar favorável no colegiado.
Além de participar de dois eventos públicos, Temer usou seus pronunciamentos para reforçar o discurso de que - embora de transição - seu governo é o único capaz de implementar reformas e traçar o caminho para a retomada do crescimento.
"De vez em quando eu vejo dizendo: 'Ah, se a economia vai bem não precisa de governo'. Precisa sim, porque foi este governo que botou a economia nos trilhos. Foi este governo que está colocando o trem nos trilhos, para que quem chegar em 2019 possa apanhar a locomotiva com os trilhos no lugar."
Mais tarde, ao tratar diretamente da denúncia, afirmou: "Estarei obediente à tudo aquilo que os senhores deputados decidirem. Mas quero agradecer a eles, porque revelaram a indignação com a injustiça. Não só injustiça com o fato em si, mas injustiça com que se faz com o Brasil. Porque os que querem na verdade impedir que continuemos, são aqueles que querem paralisar o País".
Temer participou do evento de lançamento do Programa Nacional de Regularização Fundiária, que facilitará a legalização de imóveis nas áreas urbana a rural. Com a voz falhando em alguns momentos, o presidente foi aplaudido por uma claque de moradores do Distrito Federal - onde o programa terá impacto - e sob gritos "Fica, Temer!" e "Deixa o homem trabalhar".
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O peemedebista agradeceu aos parlamentares que o apoiaram na CCJ "Para não dizer que não falei de flores, quero agradecer àqueles que no dia de ontem (anteontem) usaram da sua palavra, da sua oratória, da sua emoção e mais particularmente da sua indignação contra o que ouviram na comissão."
Maia distante
Temer chegou ao Salão Nobre do Planalto acompanhado de ministros, porém, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tinha confirmado presença, não compareceu. O convite tinha como objetivo arrefecer os rumores de desgaste na relação com Maia, que assume a Presidência em caso de afastamento de Temer se a denúncia for aceita pelo Supremo.
Nesta terça-feira, Temer negou o distanciamento. Questionado se a relação dos dois "tinha azedado", o presidente fez gesto de positivo e disse: "(A relação está) A melhor possível". Anteontem, Temer recebeu Maia no Jaburu e fez apelos para que ele paute a denúncia no plenário até sexta-feira.