São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou, nesta quinta-feira, pela primeira vez após a setença do juiz Sergio Moro que o condenou, em primeira instância, a 9 anos e 6 meses de prisão. Em coletiva na sede do Partidos dos Trabalhadores (PT), em São Paulo, Lula esteve ao lado de correligionários como a presidente da legenda, a senadora Gleisi Hoffmann, as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ) e do escritor Raduan Nassar.
"O estado de direito democrático está sendo jogado na lata de lixo. Tento compreender essa caçada como parte de uma caçada política", afirmou o ex-presidente. Em momento de descontração, disse que não falou nesta quarta-feira porque precisava ver o Corinthians ganhar do Palmeiras.
Em seguida, disse que Moro é otimista sobre a expectativa de vida do ex-presidente. "Pela condenação, de 19 anos sem exercer um cargo público, significa que ele está permitindo que eu vá ser candidato em 2036. Isso significa que eu vou viver muito e vocês vão ter que me suportar", brincou.
"Não é o Lula que pretendem condenar, é o projeto político que represento", disse o petista, afirmando que a sentença tem "componente político muito forte", argumentando que, dos mais de 900 parágrafos da sentença, apenas cinco são da defesa.
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Lula continuará em liberdade enquanto a defesa recorre da decisão de Moro ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apesar de Moro ter proibido que Lula ocupe cargos públicos por 19 anos, essa decisão só terá validade depois de esgotados todos os recursos. Em tese, o processo pode ser levado até o Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, se o recurso no TRF-4 for desfavorável ao ex-presidente, Lula pode se enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficar impedido de se candidatar à Presidência em 2018.
Aos inimigos políticos e à imprensa
A maior parte do discurso foi direcionado à imprensa. Lula afirmou que será capa novamente de todas as revistas semanais neste fim de semana. E desafiou: "Eu queria desafiar meus inimigos, os donos dos meios de comunicação. que fizessem um esforço de apresentarem uma prova, um papel assinado".
Aproveitando a presença de correligionários, disse que "se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, podem saber, eu tô no jogo", em clara referência às eleições de 2018. "A partir de agora, eu vou reinvindicar do PT o direito de me colocar como postulante à candidatura", confirmou.
A cada frase de efeito, o auditório gritava. "Brasil, urgente, Lula presidente" e o clássico "Olê olê olá, Lula! Lula! "Não sei se bem ou por mal, vocês vão ter um candidato com um problema judicial nas costas", disse o ex-presidente.
Colocar novamente o 'pobre no orçamento'
Ao final, já em tom eleitoral, disse que pretende "colocar novamente o pobre no orçamento" e que lutaria pelos direitos trabalhistas e pelas empresas nacionais. "Que alguém da senzala faça o que vocês não têm competência de fazer", provocou.
Ao fim, garantiu estar disposto para novas batalhas eleitorais. "Tô tomando vitima, tô fazendo vitamina. Me esperem. Quem acha que é o fim do Lula, vai quebrar a cara. Quem tem direito de decretar meu fim é o povo brasileiro", finalizou.