Por caio.belandi

Rio - Cerca de 3 milhões de brasileiros - ou 11% da população rural - ainda não contam com banheiros. Se somados ao mais de 1 milhão nas zonas urbanas na mesma situação, o País registra mais de 4 milhões de habitantes que precisam defecar ao ar livre. Os dados foram publicados nesta quarta-feira, 12, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês), que ainda destacam que, de uma forma geral, 61% dos brasileiros no campo e na cidade não dispõem de saneamento básico seguro.

Os números fazem parte de um alerta mundial que as entidades lançam para a necessidade de que governos invistam em água e saneamento.

De cada dez pessoas no mundo, três ainda não têm acesso à água potável. Seis de cada dez tampouco contam com saneamento básico seguro. No total, são 4,5 bilhões de pessoas sem saneamento e 2,1 bilhões sem água.

Saneamento básico é distante realidade em muitos lugares do Brasil: 61% dos brasileiros não têmValter Campanato/Agência Brasil

"A água potável, o saneamento e a higiene em casas não podem ser privilégios exclusivos dos ricos ou daqueles que vivem em centros urbanos", declarou o novo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus. "Todos os países devem ter a responsabilidade de garantir que todo o mundo possa aceder a esses serviços."

Avanço neste século

Os dados revelam que os avanços entre 2000 e 2015 foram importantes. Mas, ainda assim, o trabalho está longe de ser concluído.

Hoje, apenas 64% dos brasileiros dispõem de esgoto conectado. Mas, em 2000, essa taxa era de apenas 42%. De acordo com a OMS, 39% dos brasileiros tinham acesso a saneamento seguro em 2015. Quinze anos antes, essa taxa era de 26%. O avanço, segundo os especialistas, não foi suficiente, e mais da metade da população do País ainda não tem seus direitos plenamente respeitados.

Quanto à população rural que ainda precisa fazer suas necessidades ao ar livre, a taxa caiu em 15 anos - mas apenas de 16% em 2000 para 11% em 2015. Nesse ritmo, esse problema apenas seria resolvido em 2045.

No mundo, número é de quase 900 milhões

De acordo com a OMS, investir em saneamento é investir em saúde. Hoje, 361 mil crianças com menos de 5 anos ainda morrem de diarreia no mundo, em grande parte causada por falta de higiene. Cólera, hepatite A e outras doenças também estão relacionadas com essa falta de investimentos.

Das 4,5 bilhões de pessoas sem saneamento seguro, 600 milhões são obrigadas a compartilhar latrinas com outras residências - 892 fazem suas necessidades ao ar livre.

Dos 2,1 bilhões de habitantes sem acesso à água potável, mais de 263 milhões deles precisam viajar mais de 30 minutos para poder recolher água de fontes seguras; 159 milhões, ainda assim, bebem diariamente água não tratada.

Em 90 países avaliados, o progresso ainda é lento e a OMS considera que, se o atual ritmo for mantido, esses governos não atingirão uma cobertura universal de água até 2030, como era o plano da ONU.

No Brasil, porém, o acesso à água foi considerado como um dos grandes avanços dos últimos 15 anos. A taxa da população com acesso à água potável passou de 84% em 2000 para 97% em 2015.

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