São Paulo - O senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, foi alvo de críticas e palavras de ordem dos tucanos paulistas durante a convenção estadual do partido, realizada no último domingo na Assembleia Legislativa da capital paulista. No plenário e nos corredores da Casa, militantes pediam "fora, Aécio" em coro.
O senador tucano está afastado da presidência do partido desde maio, após a divulgação da gravação em que ele pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono do Grupo J&F. Aécio alega que a conversa tratava de um empréstimo. O tucano chegou a ser afastado do cargo de senador duas vezes. Ele voltou definitivamente à Casa após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que medidas cautelares, como o afastamento, impostas contra parlamentar precisa de aval do Congresso.
Na semana passada, em meio ao recrudescimento da disputa interna entre as alas que, de um lado, defendem a permanência do PSDB no governo Michel Temer e, de outro, o desembarque, Aécio, no uso de uma prerrogativa do partido, destituiu o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina da legenda e colocou em seu lugar o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman.
Na véspera, Tasso, que pede o desembarque, havia anunciado sua candidatura à presidência nacional do PSDB, marcada para o dia 9 de dezembro.
"O estrago feito por ele ao partido foi grande demais. Aécio não está ajudando em nada. Ele deveria colocar o pijama e voltar para casa", disse Pedro Tobias, que foi reeleito presidente do Diretório Estadual de São Paulo.
Resposta
Na tribuna, o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Ricardo Tripoli (SP), respondeu às críticas de Aécio, que no sábado, na convenção tucana em Minas, disse que os "cabeças pretas", ala da sigla que defende o desembarque do governo, não se empenha pelas reformas. "Estão dizendo inverdades de que não estamos apoiando medidas importantes para o Brasil. Demos mais votos para a reforma trabalhista do que o presidente da República", disse Tripoli, que encerrou sua fala aclamando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato do PSDB à Presidência do Brasil em 2018.
Secretário de Desenvolvimento Social de Alckmin, o deputado Floriano Pesaro defendeu o afastamento do senador mineiro da legenda. "Aécio deve se afastar do PSDB para não contaminar outros membros do partido."
Já o ex-presidente do PSDB na capital paulista, o vereador Mário Covas Neto, revelou aos jornalistas que cogita até deixar o partido depois dos últimos acontecimentos. "Aécio deitou e rolou na convenção do PSDB de Minas. Ele continua falando em nome do partido. Não percebe o mal que fez", disse.
Na convenção mineira de sábado, o senador reelegeu um aliado, o deputado Domingos Sávio, para a presidência da sigla no Estado. Na ocasião, Aécio falou pela primeira vez que o PSDB deve sair "pela porta da frente" do governo Michel Temer. A legenda comanda quatro ministérios (Governo, Cidades, Relações Exteriores e Direitos Humanos).