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Rio - Na imprevisível eleição presidencial de outubro, uma definição esta semana começa a desembaralhar o jogo dos presidenciáveis: o apresentador Luciano Huck enfim anunciou que não vai concorrer. Certeza, porém, é o que não tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão, o petista pode ter a candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na Lei da Ficha Limpa.

Nesse concorrido panorama, algumas regras já estão postas: pela primeira vez, os candidatos estarão proibidos de receber doações de empresas e um fundo público exclusivo para campanhas vai ajudar a bancar as despesas, agora com um limite de gastos.

Para o cientista político da FGV-RJ Michael Mohallem, essas eleições apresentam como característica uma rejeição da classe política por conta dos casos de corrupção que vieram à tona. "Isso deve pautar o debate público e afastar alguns candidatos, além de trazer o desafio de incentivar os eleitores a votar. Tanto é que há fortes movimentos de fora da política sustentando a necessidade de novas candidaturas, como a de Huck, que acabou não se concretizando", explicou.

 

'Figuras já conhecidas politicamente'
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Apesar da demanda da população por renovação política, Mohallem acredita ser difícil ocorrer uma mudança significativa.
"As pessoas se distanciam dessa crise partidária como se não fosse responsabilidade delas. São lideranças porque receberam voto. Se Lula é a grande dúvida, curiosamente nenhum grande partido apresentou inovação. Nas pré-candidaturas, os partidos apostam em figuras já conhecidas da política", ponderou o especialista.
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O ex-presidente ocupa o primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e pode recorrer às instâncias superiores para não ser preso. Entretanto, a candidatura tem ficado mais longe.
"A cada recurso que Lula apresenta e perde, as chances de participar da eleição ficam menores. O jogo ainda está sendo jogado. Ele pode se candidatar, ou pode ser impossibilitado pelo TSE e o PT lançar uma nova candidatura. Ainda há a possibilidade do partido apoiar Ciro Gomes (PDT) por conta do risco de rejeição", disse.
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Outra característica das eleições deste ano é que, se todas as pré-candidaturas forem confirmadas, será o maior número de candidatos desde 1989. "Antes mesmo do registro das candidaturas deve acontecer inúmeras composições. Não acho que vá se confirmar essa tendência de alta fragmentação, essas pré-candidaturas são lançadas como formas de negociações posteriores. É possível que o PMDB e o DEM não lancem candidato e apoiem Geraldo Alckmin, do PSDB, por exemplo", finalizou Mohallem.
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