Brasília - O médico Mariano de Castro, apontado como operador de um esquema que supostamente desviou R$ 18,3 milhões da área da saúde do Maranhão, foi encontrado morto em sua casa em Terezina, na quinta-feira, 12. A polícia trabalha com a hipótese de suicídio, por enforcamento, mas não descarta outras possibilidades.
Uma carta atribuída a Mariano foi encontrada pelos investigadores. O texto, supostamente de punho próprio do médico, foi publicado pelo blog do Neto Ferreira. Mariano admite ligação com irregularidades. Mas deixou um recado enigmático: "A culpa não pode ficar só comigo."
Mariano foi um dos alvos da Operação Pegadores, quinta fase da Sermão aos Peixes, da Polícia Federal no Maranhão, deflagrada em novembro. Ele estava em regime de prisão domiciliar, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.
O Ministério Público Federal havia se manifestado pela revogação da domiciliar, informou o escritório Rigueira, Amorim, Caribé, Caúla & Leitão - Advocacia Criminal, responsável pela defesa do médico.
"Mariano foi o único que ficou preso dentre as pessoas que foram presas ao se deflagrar a Operação e poderia estar sendo vítima dos infortúnios psicológicos da atualidade, onde se reforça o uso de pressões a favor da delação como mecanismo de suporte à investigação", argumenta o escritório.
O médico foi assessor da Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão. Mariano era investigado como um dos principais articuladores de um esquema instalado no setor por meio da contratação de servidores públicos ‘fantasmas’ - apadrinhados de políticos - e do uso de empresas de fachada.
A PF descobriu que até uma sorveteria foi usada pela organização e, em fevereiro de 2015, ‘da noite para o dia’ passou por uma transformação jurídica e virou empresa gestora de serviços hospitalares para emissão de notas fiscais frias e levantamento de R$ 1,1 milhão em recursos públicos.
Com a palavra, a defesa
"Nota de pesar. É com imenso pesar que o Escritório Rigueira, Amorim, Caribé, Caúla & Leitão - Advocacia Criminal, recebeu a notícia do falecimento de Mariano de Castro Silva, investigado na Operação Sermão aos Peixes, após a divulgação midiática de suposta carta por ele escrita sobre fatos investigados."
"Mariano ficou preso preventivamente após fase ostensiva da operação, posteriormente foi colocado em prisão domiciliar e, atualmente, tramita Habeas Corpus a seu favor perante o Superior Tribunal de Justiça."
"O processo estava pronto para julgamento e contava com parecer favorável do Ministério Público Federal, no sentido de revogar a domiciliar, para que ele pudesse trabalhar e sustentar sua família."
"Relembramos, ainda, que Mariano foi o único que ficou preso dentre as pessoas que foram presas ao se deflagrar a Operação e poderia estar sendo vítima dos infortúnios psicológicos da atualidade, onde se reforça o uso de pressões a favor da delação como mecanismo de suporte à investigação."
"No mais, expressamos nossas condolências à família de Mariano neste momento de dor e sofrimento."