Brasília - O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, aproveitou a cerimônia de comemoração ao Dia do Exército para, diante do presidente Temer e outras autoridades, dar novos recados dos quartéis.
"Não é possível ficar indiferente aos mais de 60 mil homicídios por ano no país, à banalização da corrupção, à impunidade, à insegurança ligada ao crescimento do crime organizado e à ideologização dos problemas nacionais", disse na Ordem do Dia, lida no evento.
Na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula, Villas Bôas se pronunciou no Twitter dizendo repudiar a impunidade e afirmando que o Exército está "atento às suas missões institucionais". A manifestação foi vista por alguns setores como uma espécie de ameaça por parte do comandante, que é muito respeitado nos quartéis.
Ontem, Villas Bôas pareceu responder a essas interpretações. Ao destacar a violência, a banalização da corrupção e a impunidade como males do país, o general afirmou. "São essas as reais ameaças a nossa democracia e contra as quais precisamos nos unir efetivamente para que não retardem o desenvolvimento e prejudiquem a estabilidade. O momento requer equilíbrio, conciliação, respeito, ponderação e muito trabalho", registrou.
Villas Bôas lembrou que haverá eleições em outubro, quando "caberá à população definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável a vontade nacional" e pediu que "definido o resultado, unamo-nos como nação".
Diante do presidente Temer, que constitucionalmente é o comandante supremo das Forças Armadas, Villas Bôas disse que "o Exército não tem servidão maior do que à Pátria". O general fez questão também de exaltar os elevados índices de credibilidade da Força tem junto à população e citou o "orçamento aquém dos imperativos de suas missões e a defasagem salarial de seus soldados em relação às demais carreiras de Estado".
Após a cerimônia, Temer, em vídeo publicado no Twitter, disse que Villas Bôas "fez uma homenagem à Constituição Federal, a qual endosso a confiança no Brasil e em suas instituições".
Bolsonaro
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) foi muito assediado após a cerimônia,com pedidos de selfies, por muitos soldados e alunos do Colégio Militar e simpatizantes em geral.