Encontro reuniu especialistas, autoridades e jornalistas para discutir e combater organizações criminosas - divulgação
Encontro reuniu especialistas, autoridades e jornalistas para discutir e combater organizações criminosasdivulgação
Por Heraldo Leite

Brasília - A tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai é motivo de preocupações e estudos no combate ao contrabando em todo o Cone Sul da América Latina. Apesar do comércio ilegal ter ramificações com o crime organizado e o terrorismo, a região, por uma série de deficiências locais, sofre para combater o comércio ilegal de cigarros, drogas, armas e munições. Ao mesmo tempo, a Polícia Federal, que tem a missão de vigiar as fronteiras, queixa-se da falta de efetivo e de restrições de ordem jurídica para agir.

Tais preocupações fizeram parte do seminário 'Mercado Ilegal A ameaça Transnacional do Crime Organizado no Cone Sul", realizado semana passada em Foz do Iguaçu, no Paraná, que reuniu especialistas, autoridades e jornalistas do Brasil, Argentina, Chile e Paraguai. O evento foi uma parceria entre o instituto ETCO e o Enecob (Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros).

Especialista em terrorismo, a presidente da empresa de consultoria americana Asymmetrica, Vanessa Neumann, afirmou que os lagos das usinas de Itaipu (Brasil e Paraguai) e Yaceritá (Paraguai e Argentina) "são o sonho para qualquer contrabandista". Segundo ela, há muitos locais de difícil acesso, que facilitam o deslocamento e a fuga de pequenos barcos com contrabandistas e narcotraficantes.

Conforme Vanessa Neumann, também há questões de ordem política e econômica que fazem com que o Paraguai prejudique a competitividade no Cone Sul. Entre elas, o baixo custo de produção e a abundância de produtos chineses em Ciudad del Leste. "Enquanto Brasil e Argentina taxam a comercialização de importados em torno de 35%, o Paraguai cobra impostos de 10% na venda para o mercado interno e apenas 1% para a exportação", exemplificou.

Burocracia atrapalha a PF
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O delegado da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, Fabiano Bordignon, confirma a tese de Vanessa Neumann e informa que as margens do Lago de Itaipu somam cerca de 1.500 quilômetros. Mesmo apontando a falta de pessoal, reclama que a legislação brasileira ainda limita a extradição sumária. Até para deter suspeitos da Difusão Vermelha da Interpol (lista dos criminosos procurados internacionalmente) é preciso autorização judicial do STF.
Segundo ele, apesar da sede da PF em Foz do Iguaçu ser a maior entre as 24 delegacias de fronteira, há algumas medidas que necessitam de regulamentação do Governo Federal e emperram a atuação. "Tenho limitações em me deslocar ao Paraguai para uma reunião. A burocracia que tenho para ir lá distância de cerca de 10 quilômetros é a mesma para ir à China", ironiza o delegado.
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