Especialistas comentam responsabilidade de influenciadores ao fazerem comentários na internet - Banco de Imagens/Pixbay
Especialistas comentam responsabilidade de influenciadores ao fazerem comentários na internetBanco de Imagens/Pixbay
Por KARILAYN AREIAS

Rio - Depois da polêmica que envolveu o youtuber Júlio Cocielo, que fez um comentário racista sobre o atacante francês Kylian Mbappé, pipocou na Internet uma série de debates sobre a responsabilidade de ser um digital influencer. De acordo com especialistas, com a capacidade de influenciar milhões de pessoas a formarem uma opinião ou tomarem um decisão de compra, por exemplo, a cobrança por uma postura exemplar aumenta.

Para o coordenador do curso de MBA em Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli, o comentário de Cocielo é inaceitável. "Todo influenciador pode falar sobre o que quiser, desde que tenha como premissa não ofender ninguém", comenta. 

Já o social media Julio Camacho, da Agência Coé, frisa que os influenciadores devem ter cuidado redobrado ao comentar qualquer assunto na internet. "Qualquer frase fora do contexto ou polêmica pode prejudicar muito a carreira de um influenciador digital. Ao se tornarem influenciadores, esses jovens viram pessoas públicas e, com a internet, em menos de um minuto a vida pode virar do avesso". 

Especialistas comentam responsabilidade de influenciadores ao fazerem comentários na internet - Arquivo pessoal

A empreendedora e social media, Ana Muza Cipriano, da agência AMC Comunicação, porém, enfatiza a responsabilidade das marcas ao contratarem um influenciador. "Acostumadas com números e não com qualidade, as marcas precisam verificar o influenciador pelos conteúdos e não pelos números. Uma pessoa pode ter mil seguidores mas tem conteúdo, tem força e tem seguidores com propósito. Um outro pode ter o triplo, mas sem base de respeito, falam o que querem sem estudo, atravessando o lugar de fala de outras pessoas", diz.

No último dia 30, durante o jogo entre França e Argentina pela Copa do Mundo, o youtuber Júlio Cocielo, do canal Canalha, usou o Twitter para declarar que "Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia". O comentário revoltou diversos internautas, que questionaram as marcas que trabalharam com o youtuber. Por conta do ocorrido, o banco Itaú e a Submarino retiraram do ar as campanhas em que Cocielo aparecia. 

O DIA tentou contato com a assessoria de Cocielo, mas não obteve resposta. O influenciador só se pronunciou através de um texto publicado nas redes sociais. No comunicado, Cocielo diz que o "tweet foi interpretado de mil formas diferentes" e por isso ele decidiu deletá-lo. "Fiz um tweet sobre o Mbappé e a piada se referia a velocidade dele devido a um lance do jogo, nada além disso! O tweet foi interpretado de mil formas diferentes e gerou uma grande discussão. Decidi deletar, pois nunca fui de entrar em polêmicas", escreveu.   

Redes sociais e o 'efeito bolha' 

Ainda de acordo com os especialistas, as redes sociais aumentaram o chamado efeito bolha, que é quando privilegiamos consumir conteúdos que se alinham a nossa opinião. "Por conta dos algoritmos, as rede sociais exibem conteúdos mais similares aos nossos gostos. Mas, é preciso que busquemos conteúdos mais amplos para fugir desse efeito, além de avaliarmos toda a informação que recebemos. A vacina contra a ignorância é duvidar", diz André.

Já Ana defende que, quando se trata de crianças e adolescentes, os pais devem ficar atentos ao que os filhos assistem na Web. "Devemos fazer um estudo do conteúdo e da qualidade dele para esses consumidores. Pais e mães devem ficar de olho em quem seus filhos estão seguindo na internet e do que estão rindo. O meu filho de 10 anos deixou de seguir o Cocielo após esse episódio. Expliquei a história e ele  me disse 'eu achava ele legal, mas não faz sentido dizer isso'", concluiu. 

Você pode gostar