Antonio ao lado da esposa, Ingrid
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Antonio ao lado da esposa, Ingrid Arquivo Pessoal
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Finalmente livre após ser confundido com um assaltante, o motorista de aplicativo Antonio Carlos Rodrigues Junior, 43, disse ontem ao DIA que deve buscar reparações na Justiça pelo erro cometido pelo estado. Ele ainda não conseguiu se planejar para voltar a trabalhar, e, além do prejuízo, teme ser reconhecido como 'o assaltante do elevador' por futuros passageiros. "Mas as contas continuam chegando", disse Antonio Carlos.

Desde que foi detido, no último dia 13, ele teve dificuldades para comer e até para beber água. "É um local feio, um clima pesado, cheiro ruim, escuro. Eu lá com ladrão, traficante, gente com feridas abertas, você sente no olhar a ameaça. Fiquei deitado em um papelão no chão, mas não dava para fechar os olhos naquele lugar", contou sobre a rotina do presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio.

Após a soltura, ele agradeceu a mobilização de amigos, familiares e da imprensa na resolução do caso: "Graças a Deus posso dizer que tenho os melhores amigos do mundo. Sabem da minha índole. Se não fosse por eles, eu estaria lá até agora".

Agora os advogados que atuaram no caso, seus amigos, estudam como pedir reparações pelo erro na Justiça. "Não tenho cabeça para fazer isso neste momento, eles se empenharam e eu disse para fazerem o que tiver que ser feito, porque não conheço as leis. As autoridades não tiveram o menor constrangimento em fazer o que fizeram comigo, então isso precisa ser respondido", afirmou Antonio Carlos.

Ele também reafirmou acreditar ter sido vítima de racismo no episódio: "Vi o vídeo do assalto ontem à noite e pensei: 'Como que fizeram isso?'. Não parecemos nada. Agora todo preto careca é igual? Não, cada preto careca tem uma personalidade, uma índole, o direito de falar. Assim deveria ter sido, mas não foi. Cada um faz o que quer, mas minha vida eu levo do jeito certo".

RECEIO DE SER RECONHECIDO

Antonio Carlos estava saindo para trabalhar quando foi preso. No prejuízo de vários dias de inatividade, já que é motorista autônomo, ele admitiu ter receio de ser reconhecido pelo caso no futuro.

"Esses dias todos sem fazer dinheiro, eu sou um chefe de família, tenho responsabilidades", afirmou ele, que mora com a esposa e a sogra.

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