Eduardo Henrique da Silva, primo de Cristiana Brittes - Reprodução/ TV Globo
Eduardo Henrique da Silva, primo de Cristiana BrittesReprodução/ TV Globo
Por O Dia

Paraná - O "caso Daniel" continua se desenvolvendo com fatos novos. Em depoimento, Eduardo Henrique da Silva, 19 anos, suspeito de ter participado da morte do jogador, de 24 anos, revelou que a ideia inicial era castrar o meia e não matá-lo. Segundo o advogado do suspeito, Edson Stadler, ele e outras duas pessoas estiveram com Edison Brittes, autor do crime, durante todo o trajeto até a área rural em São José dos Pinhais. As informações são da "RPC". Em áudio divulgado neste domingo, Daniel pede ajuda a amigo e diz que tem coroa e novinha dormindo sem namorado e marido. Ouça ao longo desta reportagem. 

Eduardo Henrique da Silva é primo de Cristiana Brittes, esposa de Edison. Ele foi foi preso preventivamente em Foz do Iguaçu, onde mora, e prestou depoimento na delegacia da Polícia Civil de São José dos Pinhais na manhã desta segunda.

O advogado afirmou que, em depoimento, Eduardo teria saído da casa de Edison com Daniel no porta-malas da camionete e que a intenção era de castrá-lo e depois abandonar o jogador. Estavam também no carro Ygor King, de 19 anos, e David Willian da Silva, de 18, ambos também presos preventivamente e que já prestaram depoimento.

Eduardo Henrique da Silva, de 19 anos, foi preso em Foz de Iguaçu - Reprodução/ TV RPC

Segundo o delegado Amadeu Trevisan, a ordem dos fatos e a definição se Daniel foi mutilado antes ou depois de sua morte depende dos laudos do Instituto Médico Legal (IML). Edison Brittes teria se transformado ainda mais violento depois de checar o celular de Daniel e ver fotos que o jogador enviou para um amigo, onde a esposa aparecia com ele na cama. Quando parou o carro, segundo o advogado de Silva, o assassino teria ido até o porta-mala e, ao invés da intenção de mutilar, o atacou com golpes de faca no pescoço. Depois teria cortado o órgão genital de Daniel.

Segundo o advogado, Eduardo não teria participado das agressões se soubesse que Daniel seria morto.

"Houve um convite do Brittes para que eles fossem juntos para segurar o Daniel para que o Edison fizesse a castração. Eles foram espontaneamente, voluntariamente", disse o advogado Edson Stadler.

O depoimento do primo de Cris Brittes contraria a versão de Ygor e David. Eduardo disse que todos aceitaram mutilar o ex-jogador e que os outros dois jovens teriam descido do veículo na hora da execução. Na sexta-feira, os rapazes disseram que ao deixarem a casa da família, todos tentaram dissuadir Edison de cometer o assassinato. Os demais comparsas teriam o estimulado a deixá-lo nu na estrada para dar um 'susto' no jogador. Ainda segundo o depoimento de Ygor e David, apenas Eduardo teria descido do carro e presenciado o assassinato. 

Ygor King, de 19 anos, e David Willian da Silva, de 18 anos, se apresentaram à Polícia Civil de São José dos Pinhais acompanhados de advogados - Reprodução/ TV Globo

Edison teria matado Daniel e ficado com a roupa suja de sangue. Ao voltar para a cidade de São José dos Pinhais, teria parado em uma loja e dado dinheiro para um dos suspeitos lhe comprar novas vestimentas. A roupa ensaguentada foi jogada em um riacho. Ele também teria parado em um posto de gasolina e pedido para David Silva comprar água mineral, com a qual lavou a mão suja de sangue. 

Daniel manda áudio a amigo: 'Tem uma coroa dormindo'

Por volta das 8 horas da manhã do dia de sua morte, no último dia 27, Daniel enviou uma mensagem de voz a um amigo. O áudio veio a público neste domingo, no programa da TV Globo Fantástico. "Moleque, eu juro pra você que eu não tô muito bêbado. É que a situação é desesperadora. Eu não sei como é essa casa que eu vim parar aqui. Mas parece que a casa tem, sei lá, uma casa tem uma coroa dormindo, outra casa tem uma novinha dormindo, o namorado da novinha eu não sei onde tá, o marido da coroa eu não sei onde tá. Moleque, eu não sei o que eu faço, moleque. Me ajuda!", diz em tom de riso no áudio.

Ouça:

 

Em seguida, ele mandou fotos com Cristiana Brittes na cama.

Daniel enviou foto ao lado de Cris Brittes, mulher de Edison, que confessou o assassinato do jogador - Reprodução

Edison Brittes confessou o assassinato, alegando que se descontrolou ao saber de uma suposta tentativo de estupro contra sua mulher. O advogado da família de Daniel disse ao Fantástico que o jogador fez uma brincadeira e que estava embriagado. " Houve uma brincadeira infeliz de um jovem que estava completamente embriagado, mas um jovem sem maldade que se deparou com uma pessoa extremamente brutal e insensível", disse Nilton Ribeiro.

O advogado de Edison Brittes discorda: "O que ele diz que é uma brincadeira, a lei trata como um crime contra a liberdade sexual de uma mulher." 

O laudo da perícia mostra que Daniel tinha 13,4 dg/L de álcool no sangue. "Pelo grau de embriaguez, dificilmente, ele iria conseguir estuprá-la", declarou o delegado Amadeu Trevisan na semana passada. Para ele, Daniel fez a foto com Cristiana Brittes só para enviar aos amigos. "Ele tem um grupo de amigos em que postavam fotos para competir quem pegava mais mulher." 

Daniel defendeu o Botafogo em 2014: morte trágica após uma festa - Vitor Silva / SS Press / Botafogo

O autor confesso do crime chegou a telefonar para a mãe da vítima para prestar solidariedade a família. A polícia descobriu que o celular utilizado por Brittes era de um rapaz assassinado em 2016. Uma moto apreendida com Edison é de um traficante que está preso. 

Polícia apreende moto em casa de Edison Brittes que pertence a traficante preso pela Polícia Federal - Reprodução/ TV Globo

Edison já foi detido por porte ilegal de arma e responde a dois processos por receptação de carros roubados.

Câmeras flagram encontro de família Brittes com três testemunhas em praça de alimentação dois dias após o crime - Reprodução/ TV Globo

Câmeras de segurança em shopping flagram família

O programa Fantástico da TV Globo exibiu imagens de câmeras de segurança de um shopping que registraram o encontro da família Brittes com três jovens na praça de alimentação. A reunião se deu dois dias após o assassinato. Segundo o delegado Trevisan, Cristiana, Alana e Edison Brittes tentaram fechar uma versão sobre o crime e foram indiciados por coação de testemunhas. No depoimento, Edison disse que Cristiana e Alana não teriam ficado com os rapazes neste encontro, o que é contrariado pelas imagens.

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