Brasília - O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou, nesta quinta-feira, que o assassinato da vereadora Marielle Franco "pesa" sobre o Brasil e sobre a imagem do país no exterior. Segundo o ministro, as investigações iniciadas no mês passado para apurar possíveis interferências no inquérito conduzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro estão indo "muito bem".
Jungmann disse, no entanto, que não tem nenhuma informação sobre os mandados de prisão e apreensão que estão sendo cumpridos nas cidades do Rio de Janeiro e de Juiz de Fora, em Minas Gerais. "Não tenho o quê comentar porque desconheço toda e qualquer informação, dados, motivos, ordem judicial referentes a esse caso. Não tenho nenhuma relação com o que Polícia Federal vem desenvolvendo lá", explicou.
"Esse caso Marielle pesa sobre nós, pesa sobre o Brasil, sobre a nossa imagem", enfatizou o ministro, ao ser perguntado se gostaria de entregar ainda este ano, antes de deixar o comando da pasta, os resultados da investigação. No próximo governo, a pasta da Segurança vai ser novamente fundida ao Ministério da Justiça.
"O que aconteceu com Marielle, ainda que individualmente, foi um ataque à democracia, porque ela era uma representante de várias comunidades, do povo do Rio de Janeiro, e que tinha evidentemente uma luta em defesa desse mesmo povo. Isso é uma causa democrática. Então atingir Marielle foi também atingir a democracia. E isso, para mim é um valor absoluto. Por isso: sim, eu gostaria muito de poder apresentar resultados o mais breve possível, se possível também ainda durante a nossa gestão", afirmou.
Jungmann disse que existem diferenças entre o inquérito instaurado logo após o assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes e das investigações iniciadas com base em denúncias de envolvimento de uma organização criminosa na tentativa de impedir o esclarecimento dos fatos. A apuração dos mandantes e executores dos homicídios está sendo conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Quanto à investigação federal, Jungmann destacou que a equipe reunida foi “da melhor qualidade” e está tendo um “progresso realmente sensível”.
“O que nós investigamos é um complô que eu chamei de aliança satânica entre a corrupção e o crime organizado no Rio. Esse complô, que quer evitar que se chegue até os executores e mandantes do caso Marielle, estamos investigando tem quase um mês até aqui. Este vai indo bem – o que eu posso dizer é que espero que, em breve, ter notícias, e notícias positivas, sobre o seu andamento […] e apresentar um resultado a toda a sociedade”, afirmou.
O crime
A vereadora Marielle Franco, que cumpria o primeiro mandato pelo PSOL, foi assassinada junto com o motorista Anderson Gomes, na noite de 14 de março deste ano, no bairro do Estácio, na região central do Rio. Eles foram mortos a tiros, quando voltavam para casa, na Tijuca, após participar de evento na Lapa. Os tiros foram disparados de outro veículo.
Oriunda da Favela da Maré, zona norte do Rio, Marielle tinha 38 anos, era socióloga, com mestrado em administração pública e ficou conhecida pela militância na área dos direitos humanos.