Rio - Em discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), defendeu medidas para equilibrar as contas públicas, abrir o mercado para investidores internacionais e defender um desenvolvimento sustentável. A fala foi direcionada para um público de políticos, investidores e executivos internacionais. O discurso, no entanto, foi genérico, sem especificar as políticas que o governo pretende implementar.
A fala do presidente, iniciada às 12h32, durou cerca de seis minutos. Em seguida, o presidente foi entrevistado pelo presidente do fórum, Klaus Schwab, que o perguntou sobre as primeiras medidas do governo brasileiro.
Bolsonaro iniciou o discurso se dizendo emocionado. "O Brasil precisa de vocês", declarou. Ele disse que seu governo marca uma inflexão na política brasileira. "Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica", disse, ao comentar que sua campanha gastou, segundo ele, menos de US$ 1 milhão e contou com pouco tempo de propaganda na televisão. Bolsonaro acrescentou que foi injustamente atacado durante a campanha, sem entrar em detalhes.
"Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção", disse o presidente.
Bolsonaro citou três ministros durante o discurso. Ele disse que Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) é 'o homem certo para combater a corrupção'. O ministro da Economia, Paulo Guedes, continuou, vai equilibrar as contas públicas e fazer a reforma da Previdência, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, deve integrar o Brasil ao mundo, com relações comerciais 'sem viés ideológico', acrescentou.
O presidente também defendeu uma maior abertura comercial do Brasil e a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). " Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais", disse.
O presidente também citou as belezas naturais do país e disse que vai 'investir pesado' em Segurança. "Para vocês nos visitarem com suas famílias", acenou à plateia.
"Somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido!", afirmou.
O Brasil, assegurou, é o país que mais preserva o meio ambiente. "Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural", disse ele, destacando que menos de 20% do solo é dedicado à pecuária. "Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo."
"Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis", disse Bolsonaro em seu discurso.
Sobre as reformas fiscais, o presidente prometeu diminuir a carga tributária, trabalhar pela estabilidade econômica e realizar privatizações. Ele também disse que o Brasil é relativamente fechado ao mercado internacional, o que prometeu rever.
O presidente falou em investimento em Educação para reduzir a pobreza e a miséria no país. "Vamos defender a família e os verdadeiros 'direitos humanos'; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução industrial", disse.
"Tendo como lema 'Deus acima de tudo', acredito que nossas relações trarão infindáveis progressos para todos", finalizou o discurso, citando o lema citado durante a campanha eleitoral.
América do Sul
Perguntado pelo presidente do fórum, Klaus Schwab, sobre sua política regional, Bolsonaro disse que conversou com os presidentes argentino, Mauricio Macri, chileno, Sebastián Piñera e paraguaio, Mario Abdo, sobre a necessidade de fazer mudanças no Mercosul.
"Estamos preocupados em fazer uma América do Sul grande, que cada país, obviamente, mantenha a sua hegemonia local. Não queremos uma América bolivariana como há pouco existia no Brasil em governos anteriores", disse.
Bolsonaro ressaltou as vitórias de governos 'de centro' e 'de centro-direita' o que, segundo ele, é bom para a região e para todo o mundo. "Creio que isso seja uma resposta que a esquerda não prevalecerá nessa região, o que é muito bom, no meu entender, não só para América do Sul, bem como para o mundo”, declarou.