Rio - Na sede do Grupo Bandeirantes de Comunicação no Rio, em Botafogo, Zona Sul da cidade, a comoção pelo acidente que matou o jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, no início da tarde desta segunda-feira, era não só dos colegas de profissão, como também de quem passava na porta do local. Ouvintes e espectadores deixaram flores na porta da emissora em homenagem ao âncora do Jornal da Band e da rádio BandNews FM.
Chefe de reportagem da sucursal carioca da rádio, Carlos Briggs, de 52 anos, disse que a preocupação foi como noticiar a tragédia. "Tomamos todo o cuidado para preservar a família, ele tem uma mãe idosa. Essa era uma das preocupações do Boechat em qualquer cobertura".
Para ele, a relação com o público criada pelo jornalista é inigualável. "Ele era um apaixonado pelo jornalismo, virava a noite lendo as mensagens dos ouvintes. Por isso que vários vieram nos abraçar hoje, esse foi a grande lição e o grande legado dele. Era uma relação que nunca vi igual com o telespectador, ouvinte e internauta", acrescentou Briggs. Âncora da Band News FM, Thais Dias não segurou as lágrimas ao entrar no ar, após o falecimento.
A apresentadora do programa 'Café com Jornal', Joana Treptow, 25 anos, teve o último contato com Boechat na manhã de hoje, ao vivo. "Ele prestou uma homenagem linda aos meninos do Flamengo. A gente nunca imaginou que aconteceria uma tragédia desses com ele", lamentou. "Era um ídolo, muito profissional, compenetrado, sempre fazia seu melhor. Fora do ar, brincava muito, quase não falava sobre assuntos sérios como a gente via na televisão", contou ela.
Segundo Joana, o estado de choque tomou conta da redação, na matriz da emissora, em São Paulo. "Todo mundo ficou assustado, ninguém acreditava. Não dá para gente pensar o hoje à noite, o amanhã sem ele, que dirá a família. Era uma presença tão notável, querida, exigida. Uma inspiração como pai, esposo, amigo, profissional. É um dia desolador".
Já o chefe de reportagem da TV Bandeirantes do Rio, Marcos Almeida, 58 anos, se emocionou ao falar do amigo de anos. "Era garoto quando o conheci. Boechat era um louco atrás da informação, de checar e rechecar a notícia, mesmo depois que virou âncora. Era um jornalista que já não tem mais, uma geração que está se acabando", afirmou ele. "Será um tranco emocional para seguirmos o trabalho, perdemos um amigo e um profissional. Mas o trem está no trilho e tem que continuar", completou Marcos.
Público lamenta na porta da emissora
Mário de Brito, 58, foi um dos taxistas que foi até a porta da sucursal fluminense prestar homenagens. "Toda manhã o escutava, porque ele falava pelo povo. Boechat mora no nosso coração. Se existe Ayrton Senna na pista, existe um Ricardo Boechat na praça", lastimou ele, em meio à buzinas de pêsames.
O motorista Ari Bandeira, 52 anos, também relatou a tristeza com o acidente. "É uma perda muito grande, sinto como se fosse alguém da família", disse. "Era um dos melhores jornalistas. Sabe quando você escuta uma notícia e não acredita? Estou assim com a morte do Boechat, custa cair a ficha", concluiu Vera Silva, de 60 anos.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes