Rio - O presidente Jair Bolsonaro disse na manhã desta quinta-feira, durante cerimônia dos 211 anos do Corpo de Fuzileiros Navais, que governará ao lado das "pessoas de bem", "daqueles que amam a Pátria". O presidente completou sua mensagem com a declaração de que só existe democracia e liberdade quando as Forças Armadas assim o quiserem.
Segundo Bolsonaro, a missão de governar o País "será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a Pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que tem ideologia semelhantes à nossa, daqueles que amam a democracia e a liberdade". O presidente finalizou o curto discurso dizendo que só existe "democracia e liberdade quando a Força Armada assim o quer".
O presidente segue às 14h do Rio para Brasília e não há previsão de que vá atender à imprensa. A fala de Bolsonaro ocorreu na esteira do polêmico tuíte sobre o carnaval divulgado na terça-feira, 5. A postagem do presidente - que trazia um vídeo com imagens obscenas e escatológicas - levantou críticas até de aliados e teve repercussão internacional.
Oposição critica Bolsonaro
A declaração gerou reação de políticos de oposição. "Num longo discurso de quatro minutos, Bolsonaro diz a militares que democracia só existe se as Forças Armadas quiserem", frisou o candidato derrotado à presidência pelo PT, Fernando Haddad. "Infelizmente, o presidente não atendeu a imprensa para explicar o raciocínio", ironizou o petista em seu Twitter.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-RS), mostrou indignação. "Essa pessoa não tem limites na agressividade", tuitou. "A democracia foi conquistada pela sociedade brasileira, não é objeto de tutela ou permissão", escreveu Gleisi, para quem a democracia tem inimigos no grupo político do presidente. "Terá muita luta para defendê-la, apesar de você e seus aliados", encerrou.
Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL fluminense, lembrou o trecho da Constituição Federal que diz que "todo poder emana do povo" e disse que a fala do presidente pode ser interpretada como uma mensagem que insta os militares a uma postura antidemocrática. "Mais uma vez comete crime de responsabilidade e atenta contra a dignidade do cargo. Pior, constrange os militares a assumirem o autoritarismo", tuitou o deputado referindo-se ao presidente da República.