Rio - Inicialmente divulgado como "fervo imoral de Carnaval", o vídeo publicado no Twitter do presidente Jair Bolsonaro, tratou-se de um ato político-artístico, esclarecem os artistas que aparecem nas imagens. Em conversa com o jornal Folha de São Paulo, a dupla que protagonizou o vídeo – que não quis se identificar – afirmou que o objetivo era se posicionar "contra o conservadorismo e contra a colonização dos nossos corpos e nossas práticas sexuais".
As imagens mostravam um homem com as nádegas nuas, introduzindo o dedo no ânus. Em seguida, outro homem começa a urinar na cabeça dele. Na legenda de sua postagem, Bolsonaro escreveu "temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades" e associou o acontecido ao período de Carnaval, como cultural. "É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões(sic)", finalizou.
Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões: pic.twitter.com/u0qbPu9sie
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 5 de março de 2019
De acordo com o manifesto, inicialmente divulgado pela Folha, o ato realizado no Blocu – descrito como um bloco com muito brilho feito para escandalizar e carnavalizar geral – foi "planejado com o intuito de comunicar uma mensagem de artistas" que assim se definem: "Não somos homens, somos bixas".
A performance faz parte de uma ação da produtora pornográfica, a Edyi, contra a pornografia tradicional, que, ainda segundo o texto, "coloniza e encolhe nossa sexualidade", além de romper com "gêneros machistas e misóginos que enxergam os corpos feminilizados como buracos".
O texto ainda propõe uma discussão sobre práticas sexuais não hegemônicas. "Não esperem que transemos para reprodução, tampouco que nos digam como devemos transar. Não estamos aqui para falar o que é certo, errado, ou impor qualquer coisa. Queremos respeito e direitos iguais", dizia.
Por fim, o manifesto termina agradecendo a divulgação dada pelo presidente, reiterando um possível processo de impeachment. Além do uso da hashtag #goldenshower – referência a um tuíte que Bolsonaro fez na última quarta-feira.