Senador Flávio Bolsonaro, em visita ao DIA - Ricardo Cassiano / Agência O Dia
Senador Flávio Bolsonaro, em visita ao DIARicardo Cassiano / Agência O Dia
Por Carla Alves

Rio - Desde que anunciou sua saída do PSL e oficializou a decisão de criar um novo partido, o Aliança pelo Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tem dito que na sua nova casa não quer saber de 'traíras', a referência é clara a alguns antigos companheiros de partido, agora encarados como desafetos.

Nessa toada e esbanjando otimismo no apoio à decisão do pai, o senador Flavio Bolsonaro contou a O DIA quais são os planos do Aliança para as próximas eleições. E garante: o pai será reeleito. Nesta entrevista (o conteúdo completo está no site www.odia.com.br), ele fala ainda de retomada do crescimento econômico, Comperj, Fórmula 1 no Rio e também de como tem se mostrado um habilidoso articulador político em Brasília.

O DIA: O governo federal fez em novembro o megaleilão da cessão onerosa do pré-sal. A partir da articulação do senhor em Brasília, o Estado do Rio de Janeiro se beneficiou de uma parcela extra da distribuição do montante arrecadado. Como foi isso? Quanto o Estado irá receber?

Flavio Bolsonaro: O Rio foi muito prejudicado durante os governos Lula e Dilma, no tocante à discussão do que se faz com os royalties do petróleo. Se a discussão sempre é 'não é melhor partir?", 'não é melhor cessão?', 'qual é o melhor modelo?'. Eu acredito que o modelo de partilha tinha que ser deixado de lado de uma vez por todas. O modelo de cessão estimula a competição e atrai muito mais investidores. Mas o que sempre se discute nas casas legislativas na hora de elaborar a lei é quanto vai para cada Estado, quanto vai para cada município.

No governo Lula e Dilma houve essa questão da partilha que prejudicou demais o Rio de Janeiro, porque na partilha não tem a participação especial que os Estados produtores, os municípios produtores recebem um percentual maior em relação aos que não são, e o Rio perdeu muito com isso. Então, no momento em que houve essa possibilidade, acho que todo o Parlamento enxergou com justiça o Rio de Janeiro por ser o local geográfico onde estão localizados os postos que estavam indo a leilão. Entenderam por bem aceitar essa emenda de que 3% do que fosse arrecadado com os leilões, descontado que a Petrobras teria que receber (R$ 33 bilhões mais ou menos) fosse para o Rio.

Eu fiz um trabalho junto ao ministro Paulo Guedes e ele autorizou. O presidente Bolsonaro também autorizou, mostrando que não tem nada contra o governador do Rio, senão jamais ele pegaria R$ 1 bilhão da União e daria na mão do governador do Rio. Então esse discurso de que há perseguição é frágil. Essa é a prova de que o presidente Bolsonaro quer o bem do Rio. Ele vai fazer de tudo para melhorar a situação do Rio. Eu fiz a articulação junto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e houve o entendimento. São pouco mais de R$ 1 bilhão nos cofres do Estado do Rio de Janeiro. Fiquei com a sensação de dever cumprido.

Existe uma expectativa muito grande da população em relação ao Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). A reportagem de O DIA mostrou na última segunda-feira que Itaboraí, por exemplo, está vivendo a expectativa de retomada da economia a partir do estudo da Petrobras sobre a fábrica de lubrificantes. O que o senhor pode dizer em relação ao Comperj? O que as pessoas podem esperar?

Há cerca de dois meses eu estive na China e fiz questão de visitar algumas petrolíferas chinesas que têm investimento aqui no Brasil, em especial no Rio de Janeiro. Eu sinalizei para o governo chinês sobre como é importante para o Brasil retomar esse investimento na área do Comperj, foram bilhões colocados ali de forma errada. Do meu ponto de vista, o importante é como usar esse dinheiro, uma vez que acho que o Comperj simboliza o que houve de corrupção no governo Cabral, em parceria com o PT na época. Tudo superfaturado, obras atrasadas, projetos mal feitos, mas felizmente hoje, com a gestão da Petrobras e a credibilidade do governo Bolsonaro, a gente conseguiu resgatar essa confiança, e os chineses estão também investindo em parceria com o Comperj.

Itaboraí, se Deus quiser, num futuro muito próximo, vai poder voltar a viver com um grande complexo. Várias pessoas investiram ali, no comércio, em restaurantes, farmácias, hotéis, em serviços. É o momento de ter a expectativa de recuperar esse investimento e Itaboraí deixar de ser uma cidade quase abandonada como aconteceu.

Nesse seu primeiro mandato como senador, sua atuação como articulador e conciliador nos bastidores da política tem chamado a atenção. Gostaria que o senhor falasse como tem sido essa experiência.

Meu perfil sempre foi esse, de conversar com todo mundo, de buscar o consenso, ir para briga quando tem que ir, no sentido respeitoso e ideológico, defender aquilo que acredito, respeitando quem pensa diferente. Nesse primeiro ano de mandato no Senado, uma das minhas principais missões foi fazer essa articulação. Esse ano para mim foi de grande valia por ter essa experiência, conhecer o cenário, o campo de atuação e poder contribuir cada vez mais com o governo. Foi isso que eu fiz muito, nos bastidores, apagando incêndios, resolvendo problemas entre Legislativo e Executivo.

Quem imaginava que a Reforma da Previdência ia ser aprovada com o placar elástico como foi? Foi uma grande demonstração de como o governo negocia bem, prioriza pautas que realmente importam, tem coragem para enfrentar porque é um grande desgaste político, mas todos tinham consciência de que ou se fazia isso ou a gente ia quebrar. Foi uma demonstração de maturidade, de responsabilidade do Parlamento e habilidade do governo de conseguir aprovar.

Como o senhor pretende usar sua habilidade de articulação para negociar o que realmente tem preocupado a população do Rio, apesar dessa divergência política que existe atualmente?

Temos uma base boa de deputados federais e estaduais aqui no Rio. São as nossas vozes aqui. As coisas acontecem muito em Brasília, então eu fico mais lá. Gostaria de estar mais no Rio e fico recebendo as demandas dos nossos interlocutores. Assim, a gente vai buscando resolver dentro do governo, em todos os ministérios. Não tenho a vaidade de quem vai obter o fruto político de uma medida que a gente implemente aqui. O importante é a população estar enxergando o nosso esforço de sanear o governo federal, de recuperar a capacidade de investimento e de usar a nossa credibilidade perante o investidor nacional e o internacional de investir no Brasil.

Obviamente que eu sempre vou buscar que os investimentos sejam feitos no Rio de Janeiro. As pessoas olham para o senador Flavio Bolsonaro e enxergam ali a figura do presidente. Isso me traz muitos ônus, mas também traz o bônus de poder falar diretamente para a empresa que venceu a licitação da Fórmula 1 e falar que a gente vai conseguir trazer o GP para o Rio de Janeiro. A Fórmula 1 ia sair do Brasil, São Paulo está com não sei quantos milhões de dívida com a Fórmula 1, não tem condições de pagar, um autódromo que é muito ruim, e a gente tem um projeto vencedor da licitação no Rio maravilhoso. A gente tem as licenças ambientais. Qualquer entrave ilegal já foi resolvido. Agora está na fase apenas de cumprir uma burocracia para iniciar as obras.

Quando isso vai acontecer?

Tem que entrar em prática no primeiro semestre do ano que vem. A pedra fundamental tem que ser lançada muito antes, quem sabe no primeiro semestre do ano que vem. O projeto é muito bom. Uma pista que é projetada para receber a Fórmula 1, Moto GP, vários outros tipos de esportes automobilísticos, pista de kart, para a gente retomar essa tradição nossa. Hoje quase não tem pista de kart em lugar nenhum. Vai ter lá um centro de tecnologia na parte automobilística, na parte de combustíveis.

É um projeto fantástico, no momento certo as pessoas vão poder ter acesso sobre como será cada detalhe desse novo autódromo. Se Deus quiser, em 2021 os cariocas vão poder, com orgulho, falar que têm o autódromo mais moderno do mundo e voltando a ter uma corrida de Fórmula 1 que antigamente era aqui. A Fórmula 1 ia sair do Brasil, eles escolheram o Rio de Janeiro, não fomos nós, para deixar bem claro que não foi o presidente Bolsonaro que escolheu o Rio ou o senador com a influência dele. O nosso papel é mostrar que esse é um projeto importante para o país e, se Deus quiser, vamos estar assistindo a, quem sabe, um piloto brasileiro correndo no autódromo do Rio.

Sobre a eleição municipal do ano que vem, vocês estão à espera da decisão do TSE sobre a criação do Aliança pelo Brasil. Existe algum plano B para o Rio de Janeiro caso não tenham candidato próprio?

São necessárias 492 mil assinaturas. A gente tem a expectativa de conseguir no tempo recorde esses apoiamentos e a gente vai correr contra o tempo. Estamos fazendo essa campanha pelas redes sociais para que as pessoas façam isso. Tem muitos líderes religiosos que estão dispostos a nos ajudar e pedir que nos apoiem na criação desse partido. A gente tem o deadline de março do ano que vem para poder concorrer em 2020. Na semana que vem, quando sair o CNPJ, a gente já oficializa no TSE a nossa pretensão. É uma corrida contra o tempo. Estamos ainda em um momento de articular quem vão ser os comandantes dos Estados.

O presidente Bolsonaro vai cuidar disso pessoalmente para evitar os problemas como os que aconteceram no PSL, de pessoas, depois de eleitas, virarem as costas para o presidente. A gente quer buscar as pessoas com confiança. Pessoas corretas, que saibam fazer política e que tenham essa liderança e consigam organizar seus Estados. Não tenho dúvida de que vai ser um dos maiores partidos do Brasil, porque a maioria que está no PSL migraria conosco e há ainda vários parlamentares de outros partidos que também gostariam de vir para o Aliança. Vamos fazer um filtro com bastante calma e tranquilidade para 2022. Estamos confiando, fazendo de tudo para ficar pronto. A expectativa é que vai ficar pronto para, em 2022, esse partido já estar pronto para a gente disputar forte a reeleição do presidente Bolsonaro. 

 

Você pode gostar
Comentários