Fabrício Queiroz, que está preso, trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj e teria comandado o esquema de 'rachadinhas' - Arquivo Pessoal
Fabrício Queiroz, que está preso, trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj e teria comandado o esquema de 'rachadinhas'Arquivo Pessoal
Por O Dia
Rio - O senador Flávio Bolsonaro usou sua conta no Twitter para denunciar que "há pessoas acelerando a cremação" de Adriano da Nóbrega. A Justiça do Rio proibiu na manhã desta quarta-feira que o corpo do miliciano fosse cremado. O senador diz que o ex-Bope apontado como chefe do Escritório do Crime foi "brutalmente assassinado". 
"DENÚNCIA! Acaba de chegar a meu conhecimento que há pessoas acelerando a cremação de Adriano da Nóbrega para sumir com as evidências de que ele foi brutalmente assassinado na Bahia. Rogo às autoridades competentes que impeçam isso e elucidem o que de fato houve", diz a mensagem publicada às 11h57 desta quarta-feira.
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O ex-PM teve a ex-mulher, Danielle Mendonça da Costa, e a mãe, Raimunda Veras Magalhães, contratadas no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual. Ambas são investigadas por suposta participação em esquema de rachadinha (desvio de dinheiro dos seus salários para o parlamentar).
Nóbrega também era ligado a Fabrício Queiroz, outro ex-assessor de Flávio, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro. Queiroz afirmou ter indicado Danielle e Raimunda para as vagas na assessoria do parlamentar. Flávio foi autor de projeto concedendo a Medalha Tiradentes, mais alta honraria do Legislativo fluminense, a Adriano.
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Condecorado por Flávio por bons serviços
Como PM, Nóbrega possuía currículo invejável. Era atirador de elite do Bope e, por duas vezes, foi condecorado com honrarias de louvor e congratulações por serviços prestados à corporação. Uma das homenagens foi feita por Flávio Bolsonaro, em 2003, quando era
deputado estadual. Em 2018, a mãe e a ex-mulher do miliciano foram empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.
O ex-policial acumulou cargo de segurança da empresária Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Maninho. Adriano chegou a ser acusado de matar um pecuarista a mando de Shanna. No dia do julgamento, a testemunha voltou atrás e o caso foi arquivado.
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Adriano foi morto na manhã do último domingo após ser cercado pela polícia na zona rural do município de Esplanada, na Bahia.
O subsecretário de inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio (Sepol), Luiz Lima, informou que a Polícia Civil do Rio de Janeiro levou cerca de 96 horas (quatro dias) entre a localização e abordagem a Adriano. O miliciano estava foragido há mais de um ano. A operação foi executada pelo Bope baiano com apoio da Polícia Civil do Rio.

Segundo o Ministério Público do Rio, o miliciano comandava o "Escritório do Crime", grupo de matadores suspeito de ligação com as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Suspeito de vários homicídios, Adriano da Nóbrega era um dos criminosos mais procurados no estado, com alerta vermelho na Interpol.
O advogado do miliciano conta que Adriano da Nóbrega o ligou na semana passada e relatou medo de ser assassinado pela polícia. "Em princípio, eu disse para que ele se entregasse. Mas, ele estava convicto de que se fosse pego seria morto. Procurei demovê-lo de continuar foragido porque estava confiante da absolvição dele na investigação da Operação Intocáveis", disse Cata Pretta.