Os militares enxergaram a posição de Mandetta como uma "provocação desnecessária", segundo relatos ouvidos pelo jornal. Para eles, o ministro fez um confronto público com Bolsonaro, não obedecendo a hierarquia de seu cargo. Também viram em sua ação, uma tentativa de ganhar projeção política para as eleições de 2022, possivelmente para candidatar-se a governador de Mato Grosso do Sul, onde nasceu.
Os militares também sentiram que seus esforços foram desprezados por Mandetta, já que o grupo vinha defendendo o ministro para Bolsonaro e aconselhando o presidente para que adiasse a demissão para junho, quando terminaria a fase mais grave da pandemia no Brasil.
Desde o final de março, Bolsonaro estuda tirar o Mandetta do cargo, pelas visões diferentes que possuem sobre como lidar com o novo coronavírus (Sars-Cov-2) e o isolamento social – o presidente defende o fim da quarentena, enquanto o ministro recomenda a permanência da medida. A popularidade de Mandetta, que incomoda Bolsonaro , tem o impedido isso.
Os militares argumentavam que tirar Mandetta levaria à descontinuidade de medidas de combate ao novo coronavírus e colocaria a responsabilidade apenas em Bolsonaro, caso o sistema de saúde brasileiro entre em colapso.
Agora Bolsonaro avalia que pode haver uma oportunidade para pressionar Mandetta de pedir demissão , segundo relatos de deputados bolsonarista. Caso o ministro escolhesse deixar o cargo – e não fosse demitido diretamente por Bolsonaro –, a visão sobre o presidente seria melhor e Mandetta não seria vinculado com a imagem de mártir.
Assessores presidenciais de Bolsonaro afirmaram que a partir desta terça (14), Mandetta deve ganhar menos destaque em decisões do governo e participar menos de reuniões.