Profissionais de saúde do Hospital do Trabalhador, em Curitiba (PR), usam foto sorrindo colada no avental para um atendimento mais humanizado contra a Covid-19 - Divulgação/SESA
Profissionais de saúde do Hospital do Trabalhador, em Curitiba (PR), usam foto sorrindo colada no avental para um atendimento mais humanizado contra a Covid-19Divulgação/SESA
Por Gabriel Sobreira

Enquanto a cura da Covid-19 não é encontrada, um simples "crachá" tem se revelado uma importante arma na luta contra a doença. A medida tem levado um pouco de alento aos pacientes do Hospital do Trabalhador, em Curitiba, Paraná. "A filosofia do nosso hospital é a humanização. É um foco que a gente leva muito a sério", frisa Kessler Koetzler, coordenador de enfermagem da UTI Covid II da unidade.

Entre máscaras cirúrgicas, toucas, aventais, óculos de proteção, luvas e capotes, a equipe que cuida da UTI colou fotos pessoais com seus nomes nos aventais, como se fosse um crachá, para que os pacientes possam identificá-los e se sentirem mais confortáveis.

Segundo Koetzler, a ideia veio de uma integrante da equipe que viu exemplos no exterior. O departamento de marketing entrou em ação e providenciou "crachás" sorridentes plastificados no tamanho A5.

"O feedback foi bem bacana. Melhoramos também a comunicação entre os profissionais, mas principalmente, é uma forma de colocarmos um ar mais suave para com os nossos pacientes. Visto que eles nos veem todos encapuzados, com máscaras, toucas, não conseguem reconhecer quem está cuidando. Tem uma barreira no vinculo ali", conta Kessler Koetzler. "Estamos realizando isso para dar um aconchego aos pacientes".

Para a psicóloga Renata Bento, a atitude da equipe de saúde é extremamente humanizadora e importante. "O sorriso é capaz de produzir emoções positivas em uma pessoa que está em um momento delicado, que tem medo de morrer, de não encontrar seus familiares novamente e não sabe o que vai acontecer", observa ela.

"Vejo também como uma forma empática de se colocar no lugar do outro e poder imaginar como o outro está se sentindo e como é que o outro poderia se sentir diante de um sorriso, uma comunicação de que: 'Estou aqui, as coisas podem ficar bem, estou com você'. É uma forma de diferenciar um profissional de outro, de trazer um certo conforto, de potencializar essas emoções positivas, de afeto, de tornar esse atendimento, muitas vezes mais frio, em uma forma mais calorosa, mais afável. Com o sentido de que isso possa ser um pouco melhor digerido emocionalmente", explica Renata.

Medida é humanizadora e importante, diz psicóloga
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Para Renata Bento, psicóloga especialista em criança, adulto, adolescente e família, a atitude da equipe de profissionais de saúde como extremamente humanizadora e bastante importante. "O sorriso é capaz de mexer com emoções, capaz de produzir emoções positivas em uma pessoa que está em um momento tão delicado, um momento em que tem medo de morrer, de não encontrar seus familiares novamente e não sabe o que vai acontecer", observa ela, que é psicanalista e membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro.

"Vejo também como uma forma empática de se colocar no lugar do outro e poder imaginar como o outro está se sentindo e como é que o outro poderia se sentir diante de um sorriso, uma comunicação de que: 'Estou aqui, as coisas podem ficar bem, estou com você'. É uma forma de diferenciar um profissional de outro, de trazer um certo conforto, de potencializar essas emoções positivas, de afeto, de tornar esse atendimento de muitas vezes mais frio, em uma forma mais calorosa, mais afável. Com o sentido de que isso possa ser um pouco melhor digerido emocionalmente", defende Renata.
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