Presidente da ADPF, Edvandir Paiva diz que representantes da instituição pedirão aprovação de medidas pelo Congresso - Julio Franca/ ADPF
Presidente da ADPF, Edvandir Paiva diz que representantes da instituição pedirão aprovação de medidas pelo CongressoJulio Franca/ ADPF
Por PALOMA SAVEDRA
Presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Edvandir Paiva declarou ao DIA que a entidade pedirá ao Congresso Nacional a aprovação de propostas que garantam, de fato, a autonomia da Polícia Federal e do mandato do diretor-geral da instituição. A fala de Paiva se deu após o ex-juiz Sergio Moro anunciar, em um pronunciamento oficial feito na manhã desta sexta-feira, sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A saída já havia sido antecipada pela imprensa, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, decidir demitir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, na tarde desta quinta-feira.
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Na coletiva, Moro afirmou que a demissão de Aleixo representa "uma interferência política na Polícia Federal, cujos resultados são imprevisíveis".

"Vamos pedir ao Congresso que aprovem medidas que garantam autonomia da PF e mandato do diretor-geral. Já há propostas legislativas sobre isso no Parlamento. Estamos falando sobre isso há 10 anos, ou se toma uma providência para proteger a polícia, ou isso se repetirá", disse Paiva.

O presidente da entidade declarou ainda que o momento é delicado e que o próximo diretor-geral terá de enfrentar um clima adverso. "A Polícia Federal está, agora, sob uma crise imensa de confiança. O próximo diretor-geral vai entrar no cargo dentro desse clima, e nós não queremos passar de novo por isso".

Segundo Paiva, houve, em outras ocasiões, nomeações políticas. "Aconteceu no governo Temer, em 2017, quando o diretor-geral Fernando Segovia só ficou por três meses".

"Não vejo saída. A gente já havia avisado ao dr. (Sergio) Moro desde o início que ele não conseguiria garantir autonomia total da PF, porque a instituição sempre sofre pressões do mundo político. Acabou que ele sofreu as pressões. Que bom que ele não sucumbiu às pressões e denunciou. Mas a grande verdade é que se não for aprovada uma garantia de autonomia administrativa e financeira da PF, isso se repetirá", afirmou.