
Em seu perfil do Twitter, Camargo compartilhou um vídeo em que, segundo a sua descrição, mostra pessoas na cidade norte-americana de Portland arremessando livros numa fogueira, entre eles uma bíblia. A autenticidade do vídeo não pode, entretanto, ser checada pela reportagem até o momento.
"Ativistas do Black Lives Matter queimam uma pilha de bíblias. A luta contra o racismo nunca importou. O que importa é o ataque aos valores de nossa civilização. O BLM é movimento marxista, que usa pretos como massa de manobra", disse Camargo.
Esta não é a primeira vez que o movimento Vidas Negras Importam é atacado pelo presidente da Fundação Palmares, que foi criada justamente para promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra no Brasil.
Em outra postagem na rede social este ano, após o assassinato do cidadão norte-americano George Floyd - vítima da brutalidade policial local, o que detonou uma onda de protestos por lá -, Camargo afirmou, por exemplo, que "nosso inútil movimento negro tenta importar para o Brasil os atos anarquistas e criminosos do Black Lives Matter, a Antifa negra dos EUA".
Camargo é jornalista de formação e se apresenta no Twitter como um "negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre". Em outras declarações, já chegou a relativizar a existência do racismo.
O partido Rede Sustentabilidade, inclusive, já pediu a suspensão de Camargo do cargo, sob o argumento de que é inadmissível a permanência no comando da instituição de uma pessoa que minimize a existência do racismo no Brasil. No entanto, o pedido foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em 30 de abril, Camargo classificou o movimento negro em geral como "escória maldita", que abriga "vagabundos", e chamou Zumbi dos Palmares de "filho da p... que escravizava pretos", como revelou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Além disso, manifestou desprezo pela agenda da Consciência Negra, se referiu a uma mãe de santo como "macumbeira" e disse que não daria um centavo para terreiros. Por causa dessas afirmações, ele é alvo de inquéritos no Ministério Público, acusado de improbidade administrativa, racismo e discriminação.