Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde - Júlio Nascimento / Presidência
Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da SaúdeJúlio Nascimento / Presidência
Por Maria Clara Matturo*
Brasília - O secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, fez um pronunciamento na manhã desta quarta-feira para tentar aliviar a tensão causada pela declaração do presidente Jair Bolsonaro um pouco mais cedo. Em seu discurso, Elcio reforçou que "não há intenção de comprar vacinas chinesas", um dia após Eduardo Pazuello, atual ministro da Saúde, anunciar um protocolo de intenções para produção da CoronaVac.

Porém, o discurso de Elcio não só contraria Pazuello, como as decisões do próprio Ministério da Saúde. Nesta terça-feira, a pasta havia divulgado uma nota citando previamente uma Medida Provisória que previa a disponibilização de R$ 1,9 bilhão para a produção da vacina. "O Ministério da Saúde já havia anunciado, também, o investimento de R$ 80 milhões para ampliação da estrutura do Butantã – o que auxiliará na produção da vacina", acrescenta a nota.

Apesar da CoronaVac ser citada a todo momento como "a vacina chinesa", por ser desenvolvida por uma farmacêutica da China, apenas seis milhões de doses seriam adquiridas da empresa. As outras 40 milhões de doses, previstas pelo protocolo intencional do ministro da Saúde, seriam produzidas pelo Instituto Butantã, em São Paulo, que é referência na produção de vacinas no país.

Em momento algum, Pazuello tratou a CoronaVac como uma vacina paulista, pelo contrário, a produção do Instituto seria para imunização a nível nacional. Ao contrário do que insinuou Bolsonaro, em uma rede social, dizendo que a CoronaVac seria "a vacina de João Dória". Em sua publicação, o presidente também alegou que "não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem". Porém, em seu discurso, o secretário Elcio Franco reforçou o investimento brasileiro na vacina de Oxford, que também está em fase de testagem e custou quase R$ 2 bilhões aos cofres brasileiros.
Além de acentuar a afirmação de Bolsonaro, o secretário disse ainda que "houve um mal entendido" na fala de Pazuello e que "a aquisição de qualquer vacina depende da aprovação da Anvisa", informação que, em momento nenhum, foi contrariada pelo ministro da Saúde.
Publicidade
*estagiária sob supervisão de Cadu Bruno