Queda do Portal da Transparência 'aumenta a suspeita de problemas sérios', diz senador
Alessandro Vieira (Cidadania-SE) é autor de um pedido de investigação sobre os gastos do Executivo com alimentos em 2020, incluindo os R$ 15 milhões com leite condensado
Autor de um pedido de investigação sobre as compras do Executivo - incluindo os R$ 15 milhões gastos em leite condensado - ao Tribunal de Contas da União (TCU), o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) censurou o "apagão" no Portal da Transparência. Ao Estadão, Vieira afirmou que a inacessibilidade do portal "aumenta suspeita" sobre os gastos e disse ter solicitado informações à Controladoria Geral da União (CGU) sobre a "queda" do site oficial.
"Solicitei informações sobre esse "apagão" (no Portal da Transparência). Isso só aumenta a suspeita de problemas sérios nestes gastos", afirmou o senador. Ao lado dos deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES), o senador protocolou um pedido para abertura de investigação, pelo TCU, sobre os gastos. Ao Estadão, o parlamentar explicou que a medida pretende determinar as responsabilidades por cada uma das despesas, identificando eventuais fraudes e abusos.
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"O pior é saber que este tipo de despesa teve um aumento de 20% em 2020, ano de pandemia e home office. O básico da gestão é fazer boas escolhas, dentro dos princípios de eficiência e moralidade", disse Vieira. E completou: a sensação é de desperdício, de desrespeito com o interesse público."
O Portal da Transparência do governo federal, canal de prestação de contas dos gastos públicos feitos pelo Executivo, ficou fora do ar entre a noite de terça-feira, 26, e a manhã desta quarta, 27, sendo restabelecido após às 8h da quarta. O portal ficou inacessível no mesmo dia em que os gastos do Executivo com alimentos viraram centro do debate público, motivando pedidos de investigação de parlamentares.
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Os gastos alimentícios do governo federal somaram mais de R$ 1,8 bilhão em 2020. Além dos R$ 15 milhões gastos com leite condensado, R$ 2,2 milhões pagos em chicletes e R$ 32,7 milhões em pizza e refrigerante.
Apenas o montante pago pelo leite condensado é cinco vezes mais que tudo que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) recebeu para fazer o monitoramento por satélite de toda a Amazônia, Pantanal e demais regiões do País - R$ 3,2 milhões no mesmo período, segundo dados levantados pela consultoria Rubrica