Olinda Bonturi Bolsonaro, mãe do presidente, foi vacinada na última sexta-feira, em sua residência no município do Vale do Ribeiro - Reprodução Facebook
Olinda Bonturi Bolsonaro, mãe do presidente, foi vacinada na última sexta-feira, em sua residência no município do Vale do RibeiroReprodução Facebook
Por ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo - A mãe do presidente Jair Bolsonaro, Olinda Bonturi Bolsonaro, foi vacinada contra a covid-19 no último dia 12, em sua casa, em Eldorado, no Vale do Ribeira, região sul de São Paulo. Oficialmente, a prefeitura de Eldorado confirmou a vacinação de Olinda, mas disse não poder informar que vacina ela recebeu.
Aos 93 anos, Olinda foi imunizada enquanto outras pessoas do grupo prioritário receberam a Coronavac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Funcionários disseram que, no mesmo dia em que ela foi imunizada, outras 25 pessoas da mesma faixa etária receberam a vacina - todas as doses aplicadas no dia eram da Coronavac.
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O presidente Jair Bolsonaro confirmou que sua mãe recebeu a vacina contra a covid-19. Ele disse, no entanto, que ela teria recebido o imunizante de Oxford/AstraZeneca, e não a vacina Coronavac.
Bolsonaro afirmou que, após a aplicação da vacina, um funcionário do atendimento de saúde teria rasgado o cartão de vacinação dela e entregado outro com uma identificação do Butantan.
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"O cara (enfermeiro) foi embora, vacinou minha mãe e foi embora. Duas horas depois o cara volta lá todo apavorado, vai atrás da casa da minha mãe, chama lá a pessoa que acompanha minha mãe, pega o cartão de vacina dela, que é este aqui e rasga", relatou. "E daí entrega para minha mãe a vacina escrito aqui embaixo 'Butantan'", acrescentou.
Bolsonaro criticou notícias de que sua mãe teria recebido a vacina Coronavac. "Vamos desmascarar isso aqui agora", disse.
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Durante live, Bolsonaro chegou a exibir um papel com a reprodução do cartão de vacina que disse ser da sua mãe. Segundo o presidente, a vacinação de sua mãe teria sido usada pela imprensa para fazer "politicagem".
Desde meados do ano passado, quando a parceria do instituto paulista com a empresa chinesa foi anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente questiona a qualidade da vacina Coronavac.
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Olinda foi vacinada em casa e deve receber a segunda dose até o início de março. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o esquema de imunização com a vacina do Butantan é de duas doses de 0,5 ml, com intervalo de duas a quatro semanas entre elas.
Eldorado tem 2,8 mil doses de Coronavac, e 80 da vacina da AstraZeneca
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Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura, a mãe do presidente foi vacinada por uma equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), às 10h30 do dia 12. "A pedido da família, não foram registradas imagens e não poderemos divulgar qual vacina a sra. Olinda recebeu. O que podemos informar é que recebemos um total de 2.861 doses da vacina Coronavac e 80 doses da AstraZeneca", informou em nota.
Ainda segundo a assessoria, até a quinta-feira havia sido registrada a aplicação de 1.372 doses na plataforma VaciVida, do governo de São Paulo, das quais 35 foram usadas em idosos com 90 anos ou mais.
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De acordo com o diretor de Saúde de Eldorado, Bruno Pereira e Souza, no caso das pessoas idosas e com dificuldade de locomoção, elas podem optar por receber a vacina em casa, como ocorreu na primeira dose de Olinda.
A mãe de Bolsonaro reside na região central da cidade, próximo à Unidade Básica de Saúde (UBS) que abriga o principal posto de vacinação do município. Na quinta-feira, a vacinação continuava para idosos entre 85 e 90 anos, também pelo sistema drive-thru. Já a segunda dose era aplicada em profissionais de saúde. Eldorado tem 15,5 mil habitantes.
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Na semana passada, o presidente afirmou ter votado "sim" na discussão entre seus irmãos sobre sua mãe ser vacina ou não. Ao longo da pandemia, a matriarca da família foi citada diversas vezes pelo presidente como exemplo de grupo de risco.
Bolsonaro chegou a dizer que se sua mãe fosse diagnosticada com covid-19 iria tomar hidroxicloroquina, medicamento defendido pelo presidente, mas sem eficácia comprovada contra a doença.

"São seis filhos vivos que ela tem, um já é falecido, decidimos que ela deveria tomar a vacina. Então, ela foi vacinada e aconteceu uma coisa que é inacreditável. Ela mora no interior do Estado de São Paulo, Vale do Ribeira, a imprensa noticiou", citou o presidente da República, em transmissão ao vivo nas redes sociais na noite de quinta-feira.

Nascido em Glicério, região de Araçatuba, Bolsonaro passou a infância em Eldorado, onde concluiu os estudos elementares, até iniciar a carreira militar. Outros parentes - tios e sobrinhos - ainda moram na cidade, onde está sepultado o pai do presidente, Percy Geraldo Bolsonaro.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, que não havia respondido até a conclusão deste texto.