Em óbitos, a média diária da semana é de 273, um aumento de 13,2% em relação à semana anterior
Em óbitos, a média diária da semana é de 273, um aumento de 13,2% em relação à semana anteriorFoto: Agência Reuters / Amanda Perobelli.
Por O Dia
Rio - Desde o dia 21 de fevereiro, quando Santa Catarina atingiu capacidade máxima de internação, 16 pacientes morreram na fila com covid-19, enquanto aguardavam por uma vaga na UTI. Com o sistema de saúde totalmente colapsado - até essa segunda-feira, 1º, pelo menos 228 pessoas aguardavam vaga de tratamento intensivo, o Estado também começa a registrar mortes por falta de leitos, além de transferir pacientes com a doença para hospitais da região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo.
No município de Chapecó, nove óbitos foram registrados durante esse período em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Em Xanxerê, foram contabilizadas pela prefeitura seis vítimas que também aguardavam por um leito de UTI. Por fim, em Itapema, uma técnica de enfermagem faleceu nas mesmas condições na última sexta-feira. As informações são do Portal G1.
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Com maior número de internados desde o início da pandemia, esta é a primeira vez que Santa Catarina vai transferir pacientes para outros estados. Em dezembro, a região chegou a receber doentes de Manaus.
Risco de desabastecimento de insumos

O risco de desabastecimento de insumos para intubação e oxigênio também é considerado iminente, principalmente dos medicamentos do chamado kit intubação. "Os hospitais estão tendo dificuldades para adquirir insumos de maneira geral, principalmente do kit intubação, que já começa a faltar em algumas unidades", afirmou Adriano Ribeiro, diretor-executivo da Associação dos Hospitais de Santa Catarina (Ahesc).

Segundo apurou a reportagem, gestores das regiões oeste e norte do estado estão solicitando apoio para não ficarem sem insumos para entubar pacientes.

Ribeiro também comentou as mortes daqueles que sequer chegaram ao leito de UTI como pedia a avaliação médica. "Essa é uma realidade que só vai piorar; em Xanxerê, nós temos 30 pacientes internados na emergência, não tem mais lugar, as pessoas vão morrer na ambulância esperando vaga", emendou.

O diretor alerta para a gravidade no sistema de saúde catarinense, que, segundo ele, aguarda a habilitação de 978 leitos por parte do governo federal nos hospitais filantrópicos. Esses leitos já estão ocupados, mas não estão recebendo os recursos necessários para sua manutenção.

"Isso por si só demonstra a situação em que nos encontramos: não há condições físicas nem de recursos humanos de abrirmos mais leitos. É preciso uma ação urgente de testagem em massa e isolamento sanitário das regiões críticas", avalia. "Não tem como abrir UTI sem acesso a oxigênio, sem equipe capacitada, não é abrindo leitos dessa forma que vamos salvar vidas".

Resistência ao lockdown

Agora, no pior momento da pandemia e com uma taxa de transmissão muito mais acelerada, órgãos de controle e especialistas pedem adoção de medidas mais rígidas de isolamento social. Contudo, o governador Carlos Moisés (PSL) tem relutado em acatar lockdown por 14 dias como pedem os chefes e integrantes do Ministério Público, Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Tribunal de Contas, e das defensorias Pública do Estado e da União.

Em reunião com os representantes dos órgãos na segunda-feira, o governador disse que vai aguardar resultados do modelo de isolamento que considera eficiente, com lockdown nos fins de semana e restrição de horários das atividades nos dias de semana

O número de pessoas com vírus ativo disparou nas últimas duas semanas. Em 15 de fevereiro, eram 10 mil. Nesta terça, 2, foram registrados 41 mil infectados com potencial de transmissão. Já são 7.438 mortos pelo novo coronavírus no Estado.

Variante de Manaus circula em SC

Na última semana, a Secretaria de Saúde de Santa Catarina confirmou o que especialistas já tinham constatado na prática: a nova onda de infecção que atinge Santa Catarina é mais rápida e violenta e está sendo impulsionada pela variante detectada em Manaus (AM), chamada de P1. De dez casos testados pela Fiocruz, oito confirmaram a circulação da variante no estado.

Gestor de uma unidade hospitalar na capital ouvido pelo Estadão diz que foi um erro Santa Catarina ter recebido pacientes de Manaus sem protocolos adequados e sem isolamento rígido desses pacientes. "Nós trouxemos pacientes leves, que em poucos dias receberam alta, mas eles entraram nas unidades de saúde e, muito provavelmente, contribuíram para essa maior disseminação", avalia o médico que pediu para não ser identificado.
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*Com informações do Estadão Conteúdo