Bolsonaro leu carta de uma suposta vítima de suícidio, um feirante de Salvador, na BahiaReprodução/Internet

Por O Dia
Brasília - Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se posicionou, durante sua transmissão semanal em suas redes sociais, mais uma vez, contrário às medidas de isolamento social, como o fechamento de atividades não essenciais e o toque de recolher. Em razão disso, o presidente alegou que a não abertura do comércio está provocando casos de suicídio. Ele chegou a ler uma carta de uma suposta vítima, em Salvador, na Bahia. 
Na transmissão, Bolsonaro leu uma carta que teria sido escrita por um feirante de Salvador. Ele também afirmou que ela teria sido endereçada para a mãe do trabalhador. “Estamos tendo casos de suicídio durante o lockdown. Tivemos um trabalhador que pulou de uma ponte em Fortaleza e um que deixou uma carta, que vou ler”, disse, antes de citar tudo o que estava escrito.
Publicidade
No vídeo, Bolsonaro atacou governadores que estão adotando medidas rigorosas de isolamento social para tentar conter os números da Covid-19 nos estados e convidou governadores a irem às ruas e, ainda, pediu que os brasileiros fossem trabalhar. 
"Devemos fazer uma campanha para o idoso ficar em casa, de quem tem doenças e comorbidades ficar em casa, e o resto toma as medidas que estão sendo usadas no momento e vamos para o “trampo”. Trabalhar, pô", disse ele. 
Publicidade
Também nesta quinta-feira, o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) causou polêmica ao publicar nas redes sociais a foto dessa suposta carta suicida e do corpo do trabalhador. A publicação provocou reações contrárias, mas também a favor, entre os 1,4 mil comentários à postagem na página oficial de Eduardo Bolsonaro no Facebook. Até as 20h54, havia 2,6 mil compartilhamentos da postagem.
No texto da publicação, Eduardo Bolsonaro dá as condolências à família do suicida. "Agora, a crise de 1929 nos EUA é famosa não só pelo 'crash' da bolsa de Nova York, mas também por ter mostrado ao mundo que dificuldades econômicas levam ao suicídio", escreve em seguida. Na postagem, ele disse também que "tem governantes com as mãos sujas de sangue".
Publicidade
"Desnecessária essa publicação, que não foi feita com o sentido de acalmar a família enlutada e sim de tentar desgastar a imagem de um oponente político. Em que mundo vivemos, em que as pessoas tiram proveito político até da morte dos outros? Lamentável. O único nome que cabe a vc nobre deputado é inconsequente", criticou um internauta.

Entidades como o Centro de Valorização da Vida (CVV) desaconselham a divulgação de cartas, bilhetes e fotos de suicidas. "O teor dessas mensagens não deve ser divulgado", diz uma cartilha do CVV. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também não recomenda tal divulgação.
*Com informações do Estadão Conteúdo